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| Foto: josé alfredo almeida |
"Trepei ao Marão, num dos últimos domingos, para ver a fraga onde a águia fazia o ninho e donde voou para sempre - quando viu que lhe roubaram o seu último filho.Este menino foi ter com o último cabrito de uma serra vizinha. Andam por lá os dois, em paz perpétua, no eterno exílio dos seres abandonados.
(...)
Não dei com a fraga, isto é, com o castelo roqueiro que a rainha das aves supôs indevassável. Na extrema do país vinhateiro, o último bêbado fronteiriço, deitando pelos olhos o último copo dominical. Apontou-me o melhor caminho. Mas, por excesso de amabilidade, quis aperfeiçoá-lo...Torceu-o, retorceu-o, esticou-o e encurtou-o tanto, que fiquei sem ele. Vi-me sem rota no meio da serra.
(...)
A dois passos do mundo actual, vi-me noutro mundo, nuns restos de mundo velho guardados num relicário. Mas, até quando?"
11-4-70
João de Araújo Correia in "Pó Levantado"

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