Brincar na neve

Foto Baía

No inverno de 1963  caiu  na Régua um forte nevão como o bem documenta  esta interessante fotografia tirada pelo olhar atento de um fotógrafo genial, António Reis Baía. 

Não sendo um fenómeno raro, acontece muitas poucas  nevar  na Régua, o que se deve a sua explicação na sua situação geográfica, isto é, de se situar  num vale, todo ele  protegido por serras que a protegem dos rigores e dos excessos do nosso clima transmontano. 

Os reguenses habituaram-se a ver a neve à distância de suas casas. Quer dizer, tinham de ir à janela de suas casas para a  avistar num dos montes que cercam a nossa terra. Do outro lado do rio, alguns, já a avistavam na serra de Avões ou na das Meadas que, ano após ano, deixavam de cobrir com um manto branco de pureza e de rara beleza. E, outros, os que tinham ao seu alcance vistas para a serra do Marão, podiam ver lá nas cumeadas dos montes mais próximos enormes rastos de neve que ali ficavam,  por longos tempos, a mostrar os vestígios de um inverno mais frio e mais benéfico para as novas colheitas, mas sempre associado a momentos de fantasia e a sentimentos de felicidade que tornavam mais poéticos os dias à volta do Natal e do Ano Novo.

Quem se lembra de,  no inverno de 1963,  ir para a  Alameda,  de estar  nesse belo jardim da cidade, brincar com os flocos de neve, atirar pedaços dela a um amigo, de se deixar escorregar ou de apenas fazer um simpático boneco de neve para assinalar essa efemeridade numa memória futura? Quem se lembrar, que aqui nos conte essas recordações de um dia em que neve caiu Régua.

José Alfredo Almeida