Os
reguenses chamaram-lhe a Protectora dos Pobres.
O Governo concedeu-lhe a Ordem
da Benemerência.
A Igreja, pelas mãos do Papa Pio XII, atribuiu-lhe a medalha Pro
Ecclesia et Pontifice.
Numa homenagem realizados nos anos 70, o escritor João de Araújo Correia, num discurso proferido no Salão Nobre da Casa do Douro (que está incluído no livro Palavras Fora da Boca), enalteceu-a com estas palavras:
"D. Branca Martinho, embora cultivasse, como Eva, as graças que lhe tocaram no sorteio de encantos, não passou a vida diante do espelho, não adoptou o calão nem sequer sacrificou à moda as suas tranças loiras - de tom acobreado.
D. Branca Martinho não cultivou, como flor de estufa, o receio de se divorciar do estilo comum. Foi sempre igual a si própria. Fez das suas ideias e das suas crenças opinião tão firme, que nunca lhe voltou a face. Foi mulher de carácter.
Último símbolo do catolicismo burguês, tentou resolver no seu meio, e a seu modo, o problema social. Se fosse apenas senhora, ignoraria este problema. Foi-lhe preciso ser mulher para o sentir e abraçar na ânsia de o resolver.
D. Branca Martinho foi protectora dos
pobres desta vila. Protegeu-os de maneira que a sua mão esquerda ignorasse o
que fazia a sua mão direita? Não foi esse o sistema da sua caridade. Foi
caritativa, mobilizando auxiliares contra a indigência, batendo ao ferrolho dos
cofres ricos e importunando, se assim se pode dizer, os ouvidos da governação. Horrorizada
com os tugúrios onde agonizavam os pobrezinhos da nossa terra, nunca perdeu o
azo de pedir, a qualquer espécie de mando, a construção de bairros asseados
para gente humilde. Nunca foi ouvida. Mas, é tempo de o governo local honrar a sua memória, substituindo as pocilgas da nossa terra por casario digno de gente.
Dotada de múltiplos talentos, embora não
os granjeasse como se vivesse para os servir, obrigou-os a servir a sua causa,
que foi a do bem-fazer organizado para o tornar profíquo. Escreveu artigos sobre artigos e promoveu, durante os seus anos válidos, frequentes espectáculos de beneficência. Celebrizou-se o das Andorinhas - graciosa opereta de Camilo Guedes musicada por Almeida Saldanha.
(...)
Fui amigo íntimo de D. Branca Martinho - sem embargo das suas nem das minhas ideias. Demos, durante muitos anos, inefável exemplo de tolerância mútua.”
(...)
Fui amigo íntimo de D. Branca Martinho - sem embargo das suas nem das minhas ideias. Demos, durante muitos anos, inefável exemplo de tolerância mútua.”
Eeu seu neto, que já no final de vida de minha avó Branca, me sentava num mocho ao lado de sua cama articulada, e então, ela ditava e eu passava para as folhas o que ela ia dizendo, de vez enquando pedia-me para lhe ler onde é que íamos. Ela dizia-me que eu tinha uma letra muito bonita e acima de tudo, muito legível. podia ser para me animar, ou então era mesmo verdade. Artur Bernardo R Martinho
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