domingo, 26 de agosto de 2018

Megulhar na paisagem

Foto:josé alfredo almeida


                     Esta tarde,com dois grandes amigos, onde fui convidado para tomar um inesquecível café, num lugar paradisiaco e que  eu agira aconselho a visitar nas férias para  provar  os melhores vinhos Douro e Porto, poder  conhecer a história de uma grande quinta e de sua família ou simplesmente admirar e depois mergulhar ainda este quente Verão na paisagem duriense que dali se avista: Quinta de Santa Eufémia ( Armamar).

Isto é uma seca

Foto:josé alfredo aslmeida



Não é bonito o cenário
de árido abandono:
roupa a secar lhe dá vida.


M. Hercilia Agarez

Simplesmente laranja

Foto:josé alfredo almeida

Eternamente Douro-586

Foto:josé alfredo almeida

Eternamente Douro-585

Foto:josé alfredo almeida

Postal do verão-66

Foto:josé alfredo almeida

sábado, 25 de agosto de 2018

Leva na cabeça o pote...





    Também vai à fonte, mas não descalça, como a Leanor de Camões. E o pote não está cheio de azeite, como o de Mofina Mendes, de Gil Vicente. Esta donzela  vai buscar água. Marca de um tempo em que ela jorrava, generosa, límpida, à prova de análises bacteriológicas, com dispensa de cloros purificadores.  Água! Houvesse-a na terra, para regar a novidade, para humidificar solos produtivos, em regos abertos à enxada. Para encher os poços. Para beber, para cozinhar, a bica nunca se negava a bocas de cântaros sequiosos, qual úbere seio materno.
    Que haveria de mágico na simples cena de uma figura feminina, rural, enroupada de humildade, mas com uma graciosidade adelgaçada, com um amparo de mãos seguras, a evitar desperdícios?  Quanto pesaria a vasilha, no fim da colheita? Não seria mais óbvio que a tarefa fosse empreendida por homens, de estrutura física mais robusta? Sim. É verdade. Mas eles andavam no campo, em lutas diárias pela sobrevivência, só interrompidas em domingos de missa e roupa lavada.
    Certo, certo, é ter esta imagem idílica desafiado poetas, músicos e pintores. Na poesia trovadoresca, medieval, a fonte surge como local de encontro da"amiga" com o "amigo", longe dos vigilantes olhares maternos:

                                   -  Dizeis filha, minha filha formosa,
                                   porque tardaste na fonte fria?
-                                  - Tenho um namorado. (versão actualizada).

    José Afonso musicou a redondilha, também camoniana, "Na fonte está Leanor". Francisco Fanhais interpretou uma adaptação neo-realista de "Descalça vai para a fonte". Também nesse registo estético glosou António Cabral, o grande poeta do Douro humano, o mote "Descalça vai para a fonte / Leonor pela verdura: / vai formosa e não segura". Começa, assim, a glosa:
           
                             Se tivesse umas chinelas
                                    Iria melhor...; mas não:
                                    co dinheiro das chinelas
                                    compra um pouco mais de pão.
                                    Virá o dia em que os pés
                                    não sintam a terra dura?*
           
    Na pintura abundam interpretações realistas da mulher jovem, vestida de longas roupas, equilibrando com mestria um pote de barro. Calcule-se que nem um Salvador Dali pré-surrealista escapou ao fascínio. Em La Mujer del cántaro encanta-nos, com as suas pinceladas coloridas, reminiscência de um impressionismo de pintor com catorze anos. Só que, neste quadro, o cântaro acrobático equilibra-se sozinho. Deixa livres mãos em descanso, contornando anca bamboleante.
     Vejam, que vale a pena!


* In, Poemas Durienses

M. Hercília Agarez
Vila Real, 25 de  Agosto de 2018

Seca

Foto:josé alfredo lmeida

A ver passar comboios

Foto: josé alfredo almeida

Eternamente Douro-584

Foto:josé alfredo aslmeida

Barco na paisagem-416

Foto:josé alfredo almeida

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Que engraçado!




     Instantâneo. Captação furtiva de cena infantil. Em toda a sua espontaneidade. Cena de um tempo em que brincar era um desafio
à imaginação. Em que cada descoberta era uma vitória festejada com foguetes de risos e de euforia. Infância. Idade dos porquês. Das perplexidades perante evidências desconhecidas, caladas.
     Uma menina e um menino brincam às sombras, complexo fenómeno que escapa ao seu entendimento de poucos anos, a apresentarem como argumento do atraso no regresso a casa. Os pais devem saber explicar.
    Dois catraios felizes. Que riem e fazem experiências. Dobra-se-lhes o riso quando se movimentam, de propósito, e se apercebem da mudança das formas na água. São mesmo macacos de imitação!
    - Quando  olho para o espelho, também vejo um igual a mim. Tão igual que parece meu gémeo. Mas não é todo preto. Nem está deitado...
    - Pois não. Porque será?
    Regressam com uma dúvida - aqueles miúdos molhados estarão ali à nossa espera, amanhã?



M. Hercília Agarez
Vila Real, 21 de Agosto de 2018

Pontes da Régua-1176

Foto:josé alfredo almeida

Barco na paisagem-414

Foto:josé alfredo almeida

Eternamente Douro-579

Foto:josé alfredo almeida