sábado, 29 de agosto de 2015

Chá das cinco

Foto: josé alfredo almeida




Pontualidade inglesa
respeitada, pois então.
O chá já está na mesa
e eu...na minha função.



28 de Agosto de 2015
M. Hercília Agarez

Postal do verão-12

Foto; josé alfredo almeida


Alguém me disse que certas aves choram
quando lhes falta o mar
por muito tempo


Casimiro de Brito 

Gata atenta

Foto: josé alfredo almeda




Até estou de boca aberta
ao ver como o mundo anda:
telejornal!



30 de Julho de 2015
Hercília Agarez

Arte urbana-8


Pontes da Régua-248

Foto: josé alfredo almeida

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Meninos no rio







UM RIO NERVOSO em dia calmo; geios a desafiar as alturas; "uma passagem para a outra margem". Imagens de um rio ontem naufragadas por um rio hoje. Doiro/Douro, a desafiar as penas dos artífices da escrita:

    [...] terroso, caudaloso, insofrido, todo aos cachões e às golfadas, a correr entre viris penedias, quente de sol e seiva. [...]  (Miguel Torga, DIÁRIO VII).
   [...] um velho amigo, um trabalhador incansável, que me viu nascer e me abandonou de um dia para o outro. [...] Um rio arcaico, milenário. [...]  (João de Araújo Correia, prefácio de RIO MORTO).


MENINOS NO RIO. O fascínio da água. Mar do interior.  Para muitos, cenário de brincadeiras, testemunha do primeiro banho, do primeiro nado. Sorrisos de segurança, de autonomia, de mãos soltas. Hão-de voltar. Molharão  os pezitos na frialdade de  poças inofensivas. Tentarão contar os peixinhos em cardumes velozes.
Um menino vestido à domingo. Folgariam, nesse dia do Senhor, os arrais heróicos dos barcos rabelos?




28 de Agosto de 2015
M. Hercília  Agarez

Pontes do verão

Foto: josé alfredo almeida

Pontes que nos olham

Foto: Artur Furtado

As sombras de Deus

Foto: josé alfredo almeida



E tu, 
sempre tu 
num prodígio de luz 
a enlouquecer-me 
as sombras 


gil t. sousa 

Arte urbana-7

Foto: jsé alfredo almeida

Postal do verão-11

Foto: josé alfredo almeida



Mais cedo ou mais tarde o silêncio virá
perguntar por ti




Albano Martins 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Pontes da Régua-245

Foto:josé alfredo almeida

As minhas pontes

Foto: josé alfredo almeida

Retrato de um olhar

Foto: josé alfredo almeida



Amo-te; e o teu corpo dobra-se, 
no espelho da memória, à luz 
frouxa da lâmpada que nos 
esconde. Puxo-te para fora 
da moldura: e o teu rosto branco 
abre um sorriso de água, e 
cais sobre mim, como o 
tronco suave da noite, para 
que te abrace até de madrugada, 
quando o sono te fecha os olhos 
e o espelho, vazio, me obriga 
a olhar-te no reflexo do poema. 



Nuno Júdice

Pedalar na areia

Foto: josé alfredo almeida



Pedalo em pé
dá mais rapidez
a minha bicicleta
é o que tu vês:

É um avião,
pois eu não te digo?!

Da próxima vez...

Da próxima vez
Levo-te comigo?



Miguel Bernardes 

Arte urbana-4


Foto: josé alfredo almeida


Dorme meu filho 
dezenas de mãos femininas trabalham 
a atmosfera 
onde os namorados pensam 
cartazes simples 
um por exemplo 
minúsculo crustáceo denominado ciclope 
por baixo da pele ou entre os músculos 

Dorme meu filho 
o amor 
será 
uma arma esquecida 
um pano qualquer como um lenço 
sobre o gelo das ruas 


Mário Cesariny

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Vista do rio

Foto: josé alfredo almeida

Barco na paisagem-34

Foto: josé alfredo almeida

Restam as sardinheiras

Foto: josé alfredo almeida



A vida e a morte. O verde e o negro. Janela túmulo esconde memórias. Mortas. Enterradas. Aguarda o fim do fim. Assombração. Restos espectrais. Foram-se as gentes, ficaram os fantasmas. Restam as sardinheiras, heróicas sobreviventes. Verdes. Vivas. Uma afronta às ruínas. Um sopro de esperança vegetal. De costas voltadas para o caos. Negro.




20 de Agosto de 2015
M. Hercília Agarez

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Fotografia iluminada

Foto: josé alfredo almeida


Tabuaço, na foz do Távora- fim de uma  tarde de  Agosto. 



resta, de Agosto, esta fotografia
iluminada
onde tudo permanece ainda no lugar:
a boca no artifício dos sabores
a lentidão dos açúcares
mãos suadas dissipando pântanos
interiores
pernas brancas, vestido colado ao clima
dessas pernas
o cio vibrante do Astro, por cima
por baixo, umas sandálias
às primeiras evidências outonais
levantaram as esplanadas


Miguel- Manso

Melancolia

Foto: josé alfredo almeida





à noite quando a lua repousa no ombro
mais chegado à melancolia



Miguel-Manso

Pontes da Régua-243

Foto: Artur Furtado

Pontes da Régua-242

Foto:josé alfredo almeida

Barco na paisagem-33

Foto:josé alfredo almeida

Selo dos Bombeiros da Régua - 135 anos a fazer HISTÓRIA




quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Nobre Missão

Foto: António Teixeira


                        Dia Mundial da Fotografia


                       Uma homenagem a este desconhecido fotografo profissional reguense, dedicado amigo da sua terra e, muito em especial, dos seus bombeiros, a quem ele dedicou esta foto que intitulou simbolicamente de "Nobre Missão" e escreveu  no seu verso uma singela e sentida mensagem, a assinalar um feliz ano novo, de respeito, gratidão e de sincero reconhecimento: 



                      "À briosa e benemérita Corporação dos Bombeiros Voluntários da Régua (Minha Terra Natal), com os desejos de um Novo Ano muito feliz na dura missão que ocupam dentro da gloriosa Associação."


                           Coimbra-1965
                           António Teixeira  

Tecer memórias


Foto: Miguel Guedes



A eternidade vive nos momentos sem tempo.

As manhãs despertavam em graça.
Como um rastilho espalhavam a luz, numa promessa de mais um dia de intenso calor.

Era Verão.
Lembro-me da minha casa de portadas encostadas, a partir do início da tarde, para se manter fresca.
O cheiro a fumo das trincheiras a arder, da linha do comboio, subia pela rua entrava nas casas.
Por vezes, cheirava a alcatrão e o barulho da máquina, juntamente com o calor entorpecia os sentidos.

Da padaria em frente, ecos, restos de conversas quase murmúrios.
Depois do almoço algumas pessoas faziam a sesta, mesmo que breve.
O rio morno e lânguido, convidava aos banhos, à brincadeira, e os meninos de câmara-de-ar ao pescoço, de cabelos desalinhados e sorriso rasgado, passavam ligeiros à minha porta.

Não me recordo de nenhum rosto.
Mas sei que um pouco da alma de cada um, ficou comigo.
Eram dias de completa felicidade para mim.
Lembro-me de esperar ansiosamente por uma menina minha amiga, que vivia no Porto e ia todos os anos passar uma parte das férias ao Douro, a casa da Avó.
Tardes de sonho. Entre brincadeiras, jogos e conversas soltas e despreocupadas.
O lanche preparado carinhosamente pela Avó, depois, a luz do fim da tarde a cair sobre a quinta...o cheiro do rio a entrar nas narinas, a ocupar a minha memória, tal como o rosto da menina.
Para nunca esquecer.
Das noites de Verão, recordo as vizinhas sentadas à porta de casa, onde sempre corria uma pequena aragem.
Do cão às manchas que apareceu lá na rua, a dormir no passeio.
Dos candeeiros de luzes amarelas.
E do braço apoiado no parapeito da janela do meu Avô, enquanto fumava o seu cachimbo de aroma doce, sentado no seu cadeirão.
De ir dormir sempre em paz, de janelas abertas como se o mundo inteiro fosse um lugar confiável.
A lua inteira no meu quarto.

Recordo as festas da Sra. do Socorro, da espera da procissão na rua dos Camilos.
Das colchas de várias cores debruçadas nas janelas... Da solenidade, fé e alegria no rosto de cada pessoa.
Do cheiro dos "croissants" do Grande Ponto, que a minha tia nos comprava para o lanche.
Era um dia de festa memorável.
Das festa na Alameda, do fogo-de-artifício a cair sobre o rio.

Memórias de outros Verões.
onde muito do passado anda de mão dada com o presente,
e o tempo parece uma ilusão.
Talvez a eternidade seja um lugar dentro de cada um de nós.
Onde tudo vive.

Apesar de grandes intervalos de silêncio.

Ana de Melo

Pontes da Régua-241

Foto:josé alfredo almeida