terça-feira, 31 de outubro de 2017

Serenidade

Foto:josé alfredo almeida






Qualquer paisagem é um estado de alma 

                                                                                                                              H-F. Amiel


Uma amenidade outonal. Árvores ribeirinhas insistem na recusa à nudez friorenta e amarelam a margem, contornando montes com palidez de finitude.

O céu, também ele, com uma luz enganadoramente estival e de um azul sempre sedutor, debruça-se sobre o seu companheiro de paisagem, cumprimenta-o com uma intimidade fraterna.

O rio, numa serenidade pacificadora, no seu avanço manso, faz lembrar rugas de mulheres idosas de que ele não pode ser espelho fiel.

Jean-Jacques Rousseau escreveu, no século XVIII: "A natureza nunca nos engana: somos sempre nós que nos enganamos". Teria repetido o mesmo pensamento, hoje, ou inverteria a ordem dos factores?

Vila Real, 31 de Outubro
M. Hercília Agarez

Pontes da Régua-1129

Foto:kosé alfredo almeida

Barco na paisagem-366

Foto:josé alfredo almeidaa


Eternamente Douro-208

Foto:josé alfredo almeida

sábado, 28 de outubro de 2017

Eternamente Douro-203

Foto:josé alfredo almeida

Eternamente Douro-202

Foto:josé alfredo almeida

Barco na paisagem-365

Foto:josé alfredo almeida

Pontes da Régua-1127

Foto:josé alfredo almeida

Onde não regressei




Nenhuma rua já a conduzia a ela,
nem à casa de infância.
Nem lhe era devolvida a pureza inicial.
Mas era necessária aquela viagem aos lugares onde por breves instantes, o seu riso ainda ecoava.
Inaudível para quem não a amou.

Gostava que aquela viagem se parecesse com um filme, onde algo surpreendente acontecesse.
Mas a vida é real.
O passado, o presente, e os seus olhos à procura de um sinal que a fizesse acreditar em fogos de artifício.
A vida por vezes, é o que esperamos dela
e ela esperava tudo, mesmo sabendo que nada nos é devolvido, e que bocados de nós se vão desintegrando de volta ao Universo.
Mas esperava
Procurava e esperava.
Entre vidas e vidas dentro desta vida.
Entre viagens que a p
udessem fazer nascer de novo.


Ana de Melo

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Camilo de Araújo Correia




"O grande pilar da minha formação assenta na família. Além de outros preciosos membros, meu pai e meu avô paterno souberam disciplinar-me sem autoritarismo e abrir-me apetências que muito vieram a contribuir para a minha personalidade. Outro pilar foi o que aprendi e convivi nos cursos liceal e universitário. Embora tenha escolhido a vida civil, passei seis meses em Mafra, nove meses em Elvas e dois anos e meio em Porto Amélia (Moçambique). Devo reconhecer que tanta tropa me deu uma espécie de segundo esqueleto. O último pilar ainda está a erguer-se, com o exercício da profissão, muita leitura e alguma escrita."

Camilo de Araújo Correia in "Eito Fora"


Republicano convicto e democrata de formação, Camilo de Araújo Correia foi dono de uma vida cheia e rica em experiências e conhecimento, sobretudo o do ser humano nos seus dramas e nas suas comédias, o que lhe permitiu tratar a vida sempre por tu.

Dia 30 de Outubro 2017 pelas 21H30 no Teatrinho da Régua: Camilo de Araújo Correia - Dez anos depois da sua partida.

Eternamente Douro-201

Foto:josé alfredo almeida

A roupa da poupa

Foto:josé alfredo almeida




Eu cá não sou qualquer poupa
a grosso galho agarrada.
Tão bela é minha roupa
que até fui fotografada...



V. Real, 24 de Outubro de 2017
 M. Hercília Agarez

Eternamente Douro-200

Foto:josé alfredo almeida

Esteio de cores

Foto; josé alfredo almeida

Pontes das Régua-1126

Foto:josé alfredo almeida

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Um ramalhete rubro

Foto:josé alfredo almeida

Naquela promenade de francesas
aconteceu coisa surpreendente
que não tendo a grandeza das grandezas,
em todo o caso era comovente.

Foi quando tu, parando na estrada
foste admirar um invulgar bouquet .
Ficaste muda e queda, deslumbrada,
não é difícil perceber porquê.

Chamaste as amigas, no carro a dormitar,
indiferentes à  paisagem duriense.
Pensaram estar ainda a sonhar
longe do brouhaha* parisiense.

Foram momentos de beber beleza,
de querer continuar naquele Douro,
vendo do  que é capaz a natureza,
artista mãe de tão belo tesouro.

* ruído

Nota: este texto foi-me inspirado pelo poeta Cesário Verde ( 2ª metade do século XIX), autor do poema "De Tarde" cuja leitura ouso aconselhar.


Vila Real, 24 de Outubro de 2017
M. Hercília Agarez

Eternamente Douro-197

Foto:josé alfredo almeida

Olho em volta: estou só




Os milagres acontecem
a horas incertas
e nunca estou em casa
quando o carteiro passa. 
Hoje, abriu a primeira flor 
e eu disse é um sinal. 
Olho em volta: estou só 
trago esta sombra comigo. 


Ana Paula Inácio

Por cá e entre nós





Título: Por cá e entre nós (crónicas, contos e outros pontos)
Autor: Manuel Igreja



"Um falar de vidas árduas, mas alegres e generosas numa época que é limite entre o mundo antigo e o mundo moderno, num pequeno universo que lentamente se transforma e se alarga à medida do conhecimento que se vai tendo.

Gente que labuta e que trata melhor as vides e os gomos que as próprias vidas, porque o apego à terra se lhe enraíza na alma simbolizado pelo suor que escorre pelo rosto e pelas vontades expressas no olhar. "


Manuel Igreja       

Barco na paisagem-362

Foto: josé alfredo almeida