sábado, 25 de janeiro de 2014

Quando o comboio chegou à Régua...






"Corria o ano de 1879, e para as Festas do Socorro, na Régua - a 15 de Agosto - faltava apenas um mês. Mas já se registava na vila uma azáfama enorme: embandeiravam-se as ruas; alindavam-se os coretos destinados às bandas marciais com tufos de verdura;engrinaldavam-se as janelas e as sacadas. O entusiasmo era intensíssimo, indescritível. Estava no poder o partido progressista, extremamente simpático ao povo, e, pelo túnel da Régua, com 33 metros de extensão, ia passar o primeiro comboio de serviço público.
O acontecimento não tinha paralelo na vida da região. Era o vapor fumegante que vinha destronar os barcos rabelos, bamboleantes e perigosos; a mala posta, ronceira e sujeita a assaltos.
Era o penacho branco de fumo das locomotivas a dissolver-se nos ares, numa alegria de bem estar e de progresso, de anseios atingidos e de civilização alcançada. 
Era o comboio que ia chegar, eis tudo.
Dia 14 de Julho, uma segunda feira, em que se ia desenrolar o grande e inolvidável acontecimento. 
Não haveria comboio inaugural, mas comboios inaugurais. Nada menos que cinco!"

António Rodrigues Coutinho

2 comentários:

  1. Interessante. No fim do século XIX, ESCREVIA-SE "REGOA".

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    1. António Rodrigues Coutinho era o meu bisavô. Foi inspector da CP e em meados do século XX escrevia para vários jornais, principalmente da zona do Porto e da Régua, de onde era natural. Este seu texto não é do século XIX, não relata nenhum acontecimento que ele tenha presenciado, pois ele nasceu já no século XX. Daí estar escrito Régua e não Régoa. :)

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