quinta-feira, 30 de abril de 2015

Amarras

Foto: josé alfredo almeida



Disse-me um dia, não muito distante
Volta num dia, não muito distante
Quem sentiu o que eu sentia, quando partia
E partia levando o encanto
Fica a saber que eu choro, por tanta alegria
Como eu sei, sei tão bem, e não tive


Pedro Ayres Ferreira Magalhães

Virás sempre

Foto: josé alfredo almeida


Virás sempre
fazer com que acredite
que o tempo
nesta procura
não acaba.

Gesto exigente
o teu amor alado.

E nenhum vento que nos perturbe.

Marta Chaves

(Re)Conhecer a Régua-214





    Assim se faz  e se entender melhor a História da (vila) da Régua.
    Esta era  a "fisionomia" da zona ribeirinha da  Régua, o velho cais fluvial, nos inícios de 1900.

Pontes da Régua-105


Foto: josé alfredo almeida

Quero dizer-te, amor





Quero dizer-te, amor

Autor: José Braga-Amaral
(com pinturas de Júlia Fernandes)
Editora: Edições Esgotadas, 2015 






"Lido Quero dizer-te, amor, o mais recente livro de poesia de José Braga-Amaral, ocorre-nos que raramente se tem lido na nossa literatura uma tão veemente e intensa profissão de fé num amor perdido ou ausente ? embora reencontrado e presente pela memória das horas ácidas da sua vigência.
Comoventes e violentos, estes versos são uma versão enraivecida pela dor da suave cantiga de João Roiz Castelo Branco, que começa: “Senhora, partem tão tristes/ Meus olhos por vós, meu bem”. Tem a mesma força magoada e persuasiva, embora transfigurada e ampliada pela incapacidade do poeta de aceitar o apartamento.
Amor, amor, amor ? eis o Leitmotiv do livro. Neste livro, tanto se celebra o amor físico, que nos queima por fora, como o amor espiritual, que nos queima por dentro. Às vezes o poeta parece libertar-se da obsessão e sai do seu mundo interior, devastado pela ausência do amor. Divaga então pelo mundo que o cerca, mas acaba por regressar sempre, vencido, ao lugar do amor ou usar esse mundo exterior como metáfora do amor nos seus vários momentos: sedução, consumação, êxtase."

A. M. Pires Cabral  

quarta-feira, 29 de abril de 2015

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Nas antigas memórias

Foto: josé alfredo almeida



Nas antigas memórias

onde tudo se acolhe

as vozes esperam o tempo

de renascer.


João Garção

Descobrir segredos

Foto: josé alfredo almeida



Não me inquieto
quando não recebo as respostas
das perguntas que não fiz.
Eu me conformei
em reservar alguma coisa
de ti para saber depois.
Um pouco de nosso amor
será póstumo.
É recomendável
não descobrir todos os segredos.


Fabrício Carpinejar

Ciclo da vinha-12

Foto: josé alfredo almeida

Delicia-te

Foto: josé alfredo almeida

Há dias em que a tua nudez
é como um barco subitamente entrado pela barra.
Como um temporal. Ou como
certas palavras ainda não inventadas,
certas posições na guitarra
que o tocador não conhecia.

A tua nudez inquieta-me. Abre o meu corpo
para um lado misterioso e frágil.

Fernando Assis Pacheco

sábado, 25 de abril de 2015

PORTUGAL - 25 de Abril de 2015









              A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:

             Princípios fundamentais

            ARTIGO 1.º
            (República Portuguesa)

           Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na sua transformação numa sociedade sem classes.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Não sei se o nevoeiro

Foto: josé alfredo almeida



não sei
se o nevoeiro não abrir
como posso eu encontrar caminhos
por entre esses silvados
as valas não as sinto
nem os chocalhos dão sinais

não sei se o nevoeiro
que as árvores soltam-se do cinzento
só por momentos

o silêncio tapa-me a visão
não ouço o horizonte

posso ficar assim
parado sem medidas
flutuando entre o orvalho e a erva
silencioso e solto

Henrique Ruivo

Pontes da Régua-102

Foto: josé alfredo almeida

NEGRILHO - Homenagem a Miguel Torga




NEGRILHO - Homenagem a Miguel Torga
Autor: Vários
            Organização de Maria Assunção Anes Morais
Editora: Alecrim e Alfazema,Janeiro/2015


"Ao visitar S. Martinho de Anta, com Miguel Torga na ideia, é impossível deixar este lugar sem percorrer alguns locais chaves da vida do Poeta. A casa onde nasceu, a escola primária, o cemitério, a Srª da Azinheira e, inevitavelmente, o negrilho do Eirô. este marco da vila, hoje uma pobre amostra da monumental árvore que foi em tempos, está intimamente ligado à vida e à escrita torguiana. Reflectindo nesta relação entreo homem/poeta e a natureza/terra Mãe, decidi denominar esta obra de homenagem a Miguel Torga - evocação dos 20 anos do desaparecimento do escritor - Negrilho. Pretendo, igualmente, com esta nomeação, preservar a memória do legado deixado pelo autor de Bichos, tal como o negrilho é preservado como monumento natural, apesar da sua decadência mais do que evidente.
(..)
A leitura deste Negrilho permitirá a todos os leitores, como aconteceu comigo, reavivar certas considerações da obra torguiana e convidar-vos a ler ou a reler as páginas do autor de Contos da Montanha.


 Maria Assunção Anes Morais

quinta-feira, 23 de abril de 2015

23 de Abril - Dia Mundial do Livro





Querido Leitor: 

Vais ler de uma assentada, se a macicez do texto te não desanimar a curiosidade, os seis dias desta Criação do Mundo, que foram aparecendo nas montras separadamente, à medida que iam decorrendo. Livro temerariamente concebido na mocidade, imprevisível na trama e no rumo, só o tempo lhe podia dar corpo e remate, traçando-lhe o enredo e marcando-lhe a duração. O que acabou por acontecer, já que os fados, condoídos da cegueira do projecto, não quiseram calar, antes de ele ser levado a cabo, a voz do autor.

Todos nós criamos o mundo à nossa medida. O mundo longo dos longevos e curto dos que partem prematuramente. O mundo simples dos simples e o complexo dos complicados. Criamo-lo na consciência, dando a cada acidente, facto ou comportamento a significação intelectual ou afectiva que a nossa mente ou a nossa sensibilidade consentem. E o certo é que há tantos mundos como criaturas. Luminosos uns, brumosos outros, e todos singulares. O meu tinha de ser como é, uma torrente de emoções, volições, paixões e intelecções a correr desde a infância à velhice no chão duro de uma realidade proteica, convulsionada por guerras, catástrofes, tiranias e abominações, e também rica de mil potencialidades, que ficará na História como paradigma do mais infausto e nefasto que a humanidade conheceu, a par do mais promissor. Mundo de contrastes, lírico e atormentado, de ascensões e quedas, onde a esperança, apesar de sucessivamente desiludida, deu sempre um ar da sua graça, e que não trocaria por nenhum outro, se tivesse de escolher. Plasmado finalmente em prosa — crónica, romance, memorial, testamento —, tu dirás, depois da última página voltada, se valeu a pena ser visitado. Por mim, fiz o que pude. Homem de palavras, testemunhei com elas a imagem demorada de uma tenaz, paciente e dolorosa construção reflexiva frita com o material candente da própria vida.

Coimbra, Julho de 1984


Miguel Torga

Lá estão as minhas pontes...

Foto: josé alfredo almeida

Rio de nuvens

Foto: josé alfredo almeida

Pontes da Régua-101

Foto: josé alfredo almeida

quarta-feira, 22 de abril de 2015

EN222

Foto: josé alfredo almeida



Uma fórmula definiu que o troço da EN222, que liga Peso da Régua ao Pinhão, é a melhor do planeta para conduzir.




Os números e uma fórmula matemática é que o dizem: esta é a melhor estrada do mundo para conduzir. O estudo, que contou com candidatas dos quatro cantos do mundo, tinha em conta a aceleração, o raio das curvas e o comprimento das retas (digamos assim, para descomplicar, pois aquela fórmula impõe respeito). A paisagem também ajuda, claro. Ou seja, toda esta ginástica no cálculo serviu para definir a melhor estrada do mundo para guiar, pelo prazer, pelo desafio, pela relação direta entre retas e curvas
Segundo o estudo promovido pela Avis rent a car, a estrada ideal tem uma relação 10:1, que é como quem diz dez segundos de reta para cada segundo gasto a curvar. A N222, a tal rainha portuguesa, regista 11:1, o mais próximo da perfeição entre as candidatas, ganhando assim o rótulo de “World Best Driving Road”. A Big Sur, na Califórnia, e a A535, no Reino Unido, completam o pódio, com índices de 8,5:1 e 8,4:1, respetivamente.

In "Observador"

Visão

Foto: josé alfredo almeida



"E de tanto olhar o céu
Sinto-me ele ..."


Fernando Pessoa

Abril, águas mil

Foto: josé alfredo almeida


Anda.
Atravessa comigo
a rua,
a chuva.
A vida.

Anda.

A vida é tão breve...
E o nosso amor imenso.

Não me largues.

Nem depois.
(De tudo passarmos)

Não me largues a mão.


Ana de Melo

Manhã de Abril

Foto: josé alfredo almeida

Paragem

Foto: josé alfredo almeida

Museu do Douro-71

Foto:josé alfredo almeida

Pontes da Régua-100


Foto: josé alfredo almeida

terça-feira, 21 de abril de 2015

Perdurar

Foto: josé alfredo almeida



Uma única certeza 
demora em mim: 
o que em nós já foi menino 
não envelhecerá nunca.


Mia Couto

Retrato do fotógrafo

Foto: josé alfredo almeida



                     Ao meu grande amigo - e sei o quer digo-  Miguel Guedes que deixou há algum tempo o balcão da conservatória do "civil"  -  os registos de assentos de nascimento, casamento e morte - para fazer o que mais gosta de fazer na vida - e faz muito bem- , para além da pesca, a fotografia.
                     Sem margem para dúvidas, um grande fotógrafo da Régua e do Douro!
                     Algumas das melhores imagens que eu já vi, foram captadas pelo seu olhar e pela sua magia.  

Nossos Bombeiros

Foto: josé alfredo almeida

Pontes da Régua-99

Foto:josé alfredo almeida 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Postal da cidade

Foto: josé alfredo almeida


Régua, ontem, às 20.00 horas

Uma luz intensa que se demorava a recolher, tendo ainda todo tempo para se passear nas águas serenas do rio e sozinho atravessar as três pontes para  ir recolher atrás destes montes...e eu a casa.

Museu do Douro-70


Foto: josé alfredo almeida

Pontes da Régua-98

Foto:josé alfredo almeida

domingo, 19 de abril de 2015

Incandescências


Foto: josé alfredo almeida



A vida é um fogo,
nós somos suas breves
incandescências.



Mia Couto

A casa das heras

Foto: josé alfreo almeida


As ervas tomaram conta do exterior da casa.                                                                                         Heras envolveram os muros com os seus braços, emprestando à casa,                                             um ar de mistério ou de abandono.                                                                                                           
A casa como que adormecida.
Ainda era cedo para ser manhã.                                                                                                       

Trancaram-se as janelas. 
Antes de desligar o quadro eléctrico, um último olhar,                                                  
depois a chave a rodar devagar no trinco.   ´

A escada de pedra dolorosa de descer, os pés como se fossem de chumbo.
A vida é uma sucessão de viagens, muita coisa acontece fora e dentro de nós.
A casa ficou como que adormecida.                                                                                                     
À espera.

Um dia,                                                                                                                                                   passos ansiosos subirão as escadas de pedra, mãos apressadas abrirão a porta, subirão os vidros das janelas...                                                                                                                                             As ervas serão arrancadas, violetas, rosas e ervilhas de cheiro plantadas...                                           

A casa será pintada de branco, para nos dias de calor, tudo parecer e se tornar mais fresco e aprazível.                                                                                                                                       
Árias de música passarão através das janelas abertas e das heras, que continuarão a abraçar os muros.                                                                                                                                              
Os cheiros serão novamente característicos de um lar.

Nas noites em que a lua se reveja no rio, emanará da casa e da família que restou e decidiu voltar, uma paz, de algo ou de uma promessa que secretamente alguém fez no dia em que fecharam as janelas, naquela manhã em que o dia ainda não havia nascido.

Um dia.
                
Ana de Melo                                        

A luz da Régua-3

Foto:josé alfredo almeida

Pontes da Régua-98

Foto: josé alfredo almeida

sábado, 18 de abril de 2015

Pontes da Régua-97


Foto: josé alfredo almeida

O meu Moledo-81







      Caldas do Moledo, 5 de Setembro de 1971 - A Procissão de Nossa Senhora de Fátima.


      Mas esta fotografia tem um história para contar e  que pessoalmente  muito me diz e acrescenta tanto a minha história.
    Meu pai acompanha a procissão  segurando o pálio ( do lado esquerdo), onde segue o Padre Manuel Escaleira que, alguns anos mais tarde,  veio a ser meu professor - talvez,  um dos melhores da minha vida - da disciplina de História.
  

Relógio de sol


Foto: josé alfredo salmeida

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Anjo

Foto: josé alfredo almeida



Podemos olhar para uma nuvem no céu ou um reflexo na água e acreditar que o que ali está provém da nossa capacidade de construir imagens e similitudes. Diz-se que Leonardo da Vinci se inspirava nas rochas e muros para imaginar as paisagens assombrosas do fundo das suas pinturas.
Mas podemos também pensar que os reflexos que vemos não provêm da nossa imaginação mas de uma espécie de distração de Deus, que como que brinca com as formas, ou até da sua vontade expressa de nos dizer: aqui estou, aqui está um dos meus anjos entre o ar, a água e a terra.
Glória ao fotógrafo que estava atento e não deixou fugir o milagre.


Paulo Varela Gomes

Adeus

Foto:josé alfredo almeida



inconsciente o porto que faz a
nudez mais só e o mergulho mais abandono. 
é tão pálido o azul do orvalho 
quando as lágrimas são filhas da respiração. 
tão seguro o domínio das equivalências 
quando dentro do ventre 
se refaz um espinho. 
deslizo.me. 
delicada sombra____________ 
inocente o rio na hora tardia 
em que te escrevo adeus."



Isabel Maria Mendes Ferreira