terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Parada Agrícola





"Foi sol de pouca dura a parada agrícola como elemento nobre das festas do Socorro. Não chegou a ser, como devia ser, tradição. Fez-se enquanto viveu o Dr. Bernardino Zagalo, que foi o seu criador. Caiu com ele como se quisesse justificar o dito: morreu a macaca, acabaram-se as pantominas. Se mais algumas vezes se realizou, foi graças ao impulso adquirido, resto de seiva de árvore condenada.
É triste condão de terras escarnecer de ideia exposta ou sonho acalentado por quem se distinga do barro comum. A parada agrícola, entre nós, foi uma espécie de maluqueira do Dr. Zagalo. Quanto brilhe ou aqueça, é repudiado pela má vontade ordinária à luz e ao calor.
Quis o Dr. Zagalo que a nossa Régua, a sua pátria adoptiva, mostrasse em cada ano, a quem a visitasse, tudo quanto vale como centro produtor de maravilhas agrícolas. Elogiava-as como tecesse a cada espécie uma ode multicor.
Não há maior óbice ao progresso da província do que a oposição geral a um alvitre, um plano, uma devoção de vizinho dotado de sabedoria. A parada agrícola não chegou a ser tradição, porque foi uma tineta do dr. Zagalo.
Pois, é necessário que volte. É necessário que ressucite a parada agrícola. É necessário que todos os anos se realize, dentro ou fora do programa das festas do Socorro. Setembro, a segunda quizena de Setembro, seria uma bela quadra para se realizar. Entre os Remédios e as Vindimas, com os frutos bem sazonados, o que não sucede em Agosto, pelo Socorro... Antes de começar a Vindima, que, começando, absorve no Douro todas as mãos e cabeças."

João de Araújo Correia

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