quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Levo-te pela luz

Foto: josé alfredo almeida




"Nada é permanente, salvo a mudança"

Heráclito

Se ainda não sabias

Foto: josé alfredo almeida

 Leça da Palmeira, 25/12



se ainda não sabias, és muito bem-vindo.

Maria do Rosário Pedreira

Mas que mais posso dizer

Foto: josé alfredo almeida


Foi milagre? Ideia louca.
Mas que mais posso dizer
Desta profunda alegria
De ver a alma aparecer
No riso da tua boca?


José Saramago

Lavar o passado



                       A Régua, nos anos 40


Agora é diferente
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente
ficou com o teu cheiro


Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor

Já não arranjamos vagar
para o amor agora
isto vai devagar
isto agora demora

Manuel António Pina

Pontes da Régua-33

Foto: josé alfredo almeida


 Régua, 30 de Dezembro; às 9.30 horas de uma manhã muito fria.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Passagem da luz

Foto: josé alfredo almeida





de que lado da luz
me esperas?

daniel gonçalves

Janela de luz

Foto: josé alfredo almeida

Lamego, ontem, às 9.00 horas....



e deus pode não ser mais que isto:
a luz da manhã
cortando a rosácea do tempo

e manchando de paz
o linho do altar

daniel gonçalves

Sobe a luz

Foto: josé alfedo almeida



da terra sobe a luz
ao sinal de deus


daniel gonçalves

Pontes da Régua-32

Foto: josé alfredo almeida

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Foto: josé alfredo lmeida


se houver uma porta de passagem
nesta vida

que seja o teu abraço
onde o carinho se protege
e abre as suas asas

daniel gonçalves

Medo

Foto: josé alfredo almeida


o medo de te perder

é como o inverno parado

numa árvore


o silêncio que se apodera

da respiração

e adia a a primavera

daniel gonçalves

Pontes da Régua-31

Foto: josé alfredo almeida

Ouvir o vento

Foto: josé alfredo almeida


No fim tu hás-de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar:
um estribilho antigo
um carinho no momento preciso
o folhear de um livro de poemas
o cheiro que tinha um dia o próprio vento...

Mário Quintana

domingo, 28 de dezembro de 2014

Enquanto os deuses dormem...

Foto: josé alfredo almeida




 Tenho presente para mim  esta única e lúcida certeza de que  a nossa vida é feita de muitos pequenos nadas.



José Alfredo Almeida

Inverno

Foto: josé alfredo almeida



Não há outro inverno além da solidão.

Pedro Salinas

Lamego que amanhece

Foto: josé alfredo almeida

Castelo de Lamego

Foto. josé alfredo almeida

Lamego medieval

Foto: josé alfredo almeida

Pontes da Régua-30

Foto: josé alfredo almeida



A Régua, ontem à tardinha, quando o sol deixava um rasto de luz nas águas serenas do rio e se escondia  meio dos montes adormecidos entre as nuvens escuras.

sábado, 27 de dezembro de 2014

Olhares da memória



   A Régua, nos anos 40



Foste o meu passado
e serás o meu futuro
mesmo quando o futuro
já tiver acabado.

O princípio e o termo
a luz e o escuro

quando o fim do presente
já tiver terminado.

Maria Teresa Horta

Pontes da Régua-29

Foto: josé alfredo almeida

A vida é um instante

Foto: josé alfredo almeida



Que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.



Luiz Vaz de Camões

Nas nuvens


Foto: josé alfredo almeida



tenho para te dar o meu corpo
despido de todas as palavras

o meu corpo como uma folha branca
para escrever nele o teu nome

e deixares que te cubra
se o inverno ainda te persegue


daniel gonçalves

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Ainda é possível

Foto: josé alfredo almeida




olho-vos cansado do dia e do tempo
e penso que ainda é possível
um sorriso



daniel gonçalves

Falando verdade




Não me levem a mal os meus conterrâneos, mas o Douro não é uma terra generosa nem grata. O que parece dar num tempo, tira-o no tempo seguinte, com uma frieza desconcertante.
Não o digo com mágoa, mas com a lucidez de quem conhece a terra dura e a sua gente, e de quem nada espera, em troca da entrega do seu coração, para sempre. – Moledo, Loureiro, Godim, Régua, são os lugares onde nasceram, viveram e morreram aqueles de quem descendo, por parte de minha avó materna. Guardo alguns móveis, retratos, livros, cartas, histórias, segredos, e com tudo isso, formei o meu caracter e vou construindo as minhas memórias, e o imaginário dos meus contos.
Não há gente mais romanesca, não há um sentir mais poderoso, mas ao mesmo tempo tão efémero, sempre pronto a ser engolido pela terra fria, ou pela terra quente, ou pelo rio de correntes e de percurso nada amáveis.
Já muito poucas são as pessoas que me conhecem e que guardam de mim uma lembrança terna. Para os novos, eu sou uma estranha, e passeio pelas ruas da Régua, ou pelas calçadas solitárias das aldeias, como um fantasma, intrusa no seu quotidiano cada vez mais enquadrado nas fórmulas que uniformizam as sociedades e os seus destinos.
Nos meus contos, como quem adormece com um belo sonho, eu desenterro as personagens e as suas vidas, e recoloco-as na paisagem e nas casas que foram delas, e agora são ruínas, e dou-lhes voz e movimento. Prolongo-lhes o sentido. Não sou saudosista. Sou herdeira e intérprete de um mundo que apenas desapareceu da superfície, mas lá está, subterrâneo, brutal, nos alicerces de um mundo antiquíssimo.

Mónica Baldaque
24 de Dezembro de 2014

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Nós

Foto: josé alfredo almeida



"Põe tudo o que és no mínimo que fazes."

Fernando Pessoa

Memórias de um olhar





 Noel de Magalhães

“Memórias de um olhar”

– Exposição de Fotografia 


23 dezembro a 29 de Março de 2015  | Museu do Douro

Natal

Foto: josé alfredo almeida




Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.
Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.


Miguel Torga

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Dentro de casa

Foto: josé alfredo almeida


A casa está cheia de ti
Não apenas os retratos os recantos
Os quadros
Não apenas os objectos onde
Roça ao de leve
A suave mão da tua ausência.
Mas aquela luz que trazias dentro
E deixavas de passagem
Nos seres e nas coisas.
Talvez agora mores entre as estrelas
Mas brilhas
Intensamente brilhas dentro de casa.


Manuel Alegre

Adiar

Foto: josé alfredo almeida




já não te aguardo. adio-me.

valter hugo mãe

Itinerários

Foto: josé alfredo almeida



Especializei-me
em rotas de colisão.
Depois aprendi
a dar a volta por cima.


Luiz Pacheco

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

É meu

Foto: josé alfredo almeida



"Este Doiro que antes de me deslumbrar ao natural os olhos adultos, me deslumbrou, contado à lareira, a imaginação infantil, é meu meu  por eleição e por herança. E sou um privilegiado quando o visito. Mais dono das quintas do que os próprios donos, e mais repassadamente extasiado do que todos a meu lado o admiram."


Miguel Torga

Sombras do presente

Foto: josé alfredo almeida


vejo-te como uma palavra a quem ainda não se deu um nome
uma altíssima constelação
cega do peso todo da noite

e no entanto quero abraçar-te
render-te nas minhas mãos e contar-te os lugares onde fui ver
se o mundo era apenas um búzio fechado
revela-te abre uma boca no teu rosto e diz-me
se és rosa papel argila ou pedra
que eu estou cego e já não vejo para além
da luz inicial da paixão.

daniel gonçalves

O meu Moledo-78

Foto:josé alfredo almeida


voo,
talvez, no voo abrupto

das aves
melancólicas,

e nas fragas
por onde

rolam desejos.


Susana Duarte

Pontes da Régua-28


Foto: josé alfredo almeida

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Diz-me um segredo

Foto: josé alfredo almeida


diz-me um segredo
qualquer coisa inacessível
dessa tua alma

alguma coisa
que eu possa ainda fingir
que não sei


gil t. sousa

Perder-me

Foto: josé alfredo almeida



Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto.


Mário de Sá-Carneiro

Pontes da Régua-27

Foto: josé alfredo almeida

domingo, 21 de dezembro de 2014

Vou agora

Foto: josé alfredo almeida


vou agora.
vou com as nuvens,
devolvendo ao ar o ar
que respiro.
vou com as nuvens.
sou do ar
e das auroras
onde tu não pertences.
vou agora.
desfaço o raiar
da manhã onde tu
já não habitas.

Susana Duarte

Ponte intemporável






É uma foto memorável  e o fotografo conseguiu captar  um bonito momento de ternura, com três crianças de rosto feliz, muito descontraídas e em conversa com o autor da imagem, porventura, um seu familiar.
Esta foto teve um tempo e uma data, mas eu não consigo desvendar-lhe esses segredos. 
Apenas sei o lugar onde foi tirada: debaixo da ponte da Régua.
Com  pena minha, não tenho a história  que  nos quer contar esta surpreendente foto. 
As imagens apenas nos revelam pequenos pormenores.
Quem quer saber mais tem de de  voltar atrás, ao passado da Régua.
Mas, eu hoje apenas voltou àquele lugar, debaixo do arco da ponte e procurar o rasto dos sorrisos daquelas crianças.
Esta é a magia de uma fotografia intemporal.  
.

Vidas suspensas

Foto: josé alfredo almeida

Pontes da Régua-26

Foto: josé alfredo almeida

sábado, 20 de dezembro de 2014

Tenho este mar

Foto: josé alfredo almeida


Há dias
Em que o mar
Dos teus olhos
Me cabe inteiro
Na palma
Das mãos...!


Elsa Pacheco

Pontes da Régua-25

Foto: josé alfredo almeida

Perder de vista

Foto: josé alfredo almeida


Sinto-te
como uma pequena bruma
descolorida ao vento
Sem pensamento:
inútil e frágil
no tempo
tua atitude inacabada
permanecendo.

Glória de Sant’Anna

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Volta

Foto: josé alfredo almeida


volta

e espalha sobre mim

a púrpura das árvores outonais

que o vento vai despindo


eu espero no caminho

abraça-me


Glória de Sant'Anna

Pontes da Régua-24

Foto: josé alfredo almeida

Que Luz...!

Foto: josé alfredo almeida


Sinto-te

como uma pequena bruma

descolorida ao vento

Sem pensamento:

inútil e frágil

no tempo

tua atitude inacabada

permanecendo.

Glória de Sant’Anna

Alice quer ser Bombeira





Alice quer ser Bombeira

Autor: Gabriela Caldeira
Ilustração: Victor Hugo Fernandes
Edição de autor
(Preço 10,00)



"Estamos a viver no país, na Europa e no mundo um momento particularmente difícil, que exige mais valores civilizacionais, como a solidariedade e a partilha
Este livro fala-nos precisamente disto, através de personagens como a Alice e o seu avô, o bombeiro Manuel e o cão Aramis
Nesta história está presente a gente simples das nossas aldeias e a sua relação com os seus bombeiros, está a solidariedade e a partilha, está um pouco de todos nós.
É por isso que este livro constitui uma boa iniciativa, merece ser lido por crianças e adultos. Ele lembra-nos coisas importantes. Ele ajuda a percebermos que devemos ser mais uns com os outros.
Mas este livro é também uma homenagem aos bombeiros e ao que eles representam na vida das comunidades onde se inserem.
Este é um livro que merece ser lido!"


Padre Vítor Melícias

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Pontes da Régua-23


Foto: josé alfredo almeida


Régua- Cais da Junqueira: mais uma tarde de dezembro, quando o sol começa a atravessar as pontes e se despende de nós, escondendo-se nos silêncios dos montes.