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| Foto: josé alfredo almeida |
Mas o arado perpetua-se em mim.
De facto, em horas de arriscada exaltação,
gosto de pensar nestes versos como sendo
um arado com que rasgo outras terras
mais voláteis e menos aráveis,
e nelas julgo deixar alguma semente.
Pura ilusão.
nem as tais terras se deixam rasgar
assim facilmente,
nem o meu arado tem vocação de vida.
De modo que retorno ao arado
que de facto arou.
Ei-lo cabisbaixo no quintal.
Não sei de mais lastimosa coisa
do que um arado ferido de desuso,
encostado a um canto,
poleiro improvisado,
pasto de ferrugem e carcoma,
lenha em breve.
A.M.Pires Cabral

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