domingo, 12 de janeiro de 2014

Uma alma deste mundo-2


Dona Florinda


    "O egoísmo, a insensibilidade, a frieza de espírito, nascidos de um sistema que liquida os laços sociais de que a humanidade é fundamento, determina e talvez explique este nosso amargo tempo”.
                                                                                                                                               Baptista-Bastos


Lembrei-me da Dona Florinda, que é como afectuosamente a trato. O seu nome completo é Florinda Rosa da Assunção Pilroto. Mas, na Régua, é conhecida como a Dona Florinda. Assim lhe chamam também os seus vizinhos, os amigos, os escuteiros e os nossos bombeiros voluntários que com ela se relacionam. E, se não me engano, lá na eternidade, os anjos, santos e as alminhas devem fazer todos o mesmo.

Acredito que, na Régua, não haja quem não tenha ouvido falar da sua simplicidade e bondade. À sua maneira, ela faz parte do quotidiano social e, de uma forma singela e surpreendente, marca o ritmo da sua vida, entre o presente e as recordações, a realizar pequenas obras de solidariedade e pequenas acções de benemerência. Já ajudou a igreja a reparar imagens de santos, os escuteiros e a associação de bombeiros. Quase à beira dos seus 87 anos, a sua vida e a sua forma pessoal de se relacionar com as outras pessoas é uma lição de vida de quem quebrou rotinas e as barreiras da sua solidão.  Em vez de ficar a viver um vazio existencial, consegue ser a protagonista de uma história que é um raro exemplo de participação cívica e cidadania activa.

José Alfredo Almeida

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