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| Dona Florinda |
"O egoísmo, a insensibilidade, a frieza de espírito, nascidos de um
sistema que liquida os laços sociais de que a humanidade é
fundamento, determina e talvez explique este nosso amargo tempo”.
Baptista-Bastos
Lembrei-me da Dona Florinda, que é como afectuosamente
a trato. O seu nome completo é Florinda Rosa da Assunção Pilroto. Mas, na
Régua, é conhecida como a Dona Florinda. Assim lhe chamam também os seus
vizinhos, os amigos, os escuteiros e os nossos bombeiros voluntários que com
ela se relacionam. E, se não me engano, lá na eternidade, os anjos, santos e as
alminhas devem fazer todos o mesmo.
Acredito que, na Régua, não haja quem não tenha ouvido
falar da sua simplicidade e bondade. À sua maneira, ela faz parte do quotidiano
social e, de uma forma singela e surpreendente, marca o ritmo da sua vida,
entre o presente e as recordações, a realizar pequenas obras de solidariedade e
pequenas acções de benemerência. Já ajudou a igreja a reparar imagens de
santos, os escuteiros e a associação de bombeiros. Quase à beira dos seus 87
anos, a sua vida e a sua forma pessoal de se relacionar com as outras pessoas é
uma lição de vida de quem quebrou rotinas e as barreiras da sua solidão. Em vez de ficar a viver um vazio existencial,
consegue ser a protagonista de uma história que é um raro exemplo de
participação cívica e cidadania activa.
José Alfredo Almeida

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