Camilo de Araújo Correia
Já depois de escrever estas linhas me saltou na memória um episódio que não resisto contar, nesta hora de grande fraternidade entre os reguenses.
Faz este Maio 43 anos que regressei de Moçambique, depois de cumprir dois alargados anos de mobilização.Foram de grande reconforto os abraços, os beijos e as mil perguntas dos familiares que me foram esperar ao barco que me trouxe.
Não menos reconfortante foi a surpresa que um grupo dos nossos bombeiros me fez, indo-me esperar a Coimbra. Foram tão calosos os nossos abraços, que nunca me pareceram tão reluzentes os metais e tão vermelho o carro que os levou. Eram tão efusivos os seus cumprimentos de boas-vindas que cheguei a recear que tocasse a sirene!
Os carros da família e o dos bombeiros logo organizaram uma pequena caravana que veio por aí acima, a contar as curvas e as contracurvas de uma estrada do princípio de Portugal.
Entre Moimenta e Lamego, novo e simpático encontro me surpreendeu. Num dos trechos mais ermos da estrada, esperava-me um grupo de funcionários do nosso Hospital, onde sobressaíam duas freiras de hábitos a esvoaçar. Por momentos, senti que ali estava a Régua toda.
Afinal, o ermo em que se deu este encontro, não era assim tão ermo. Quando nos dispúnhamos a partir, demos conta de um homem a gatinhar pelo talude da estrada. Mal chegou a cima, tirou o chapéu, limpou a testa e perguntou espavorido:
- O que foi?!!...O que foi?!!...
Partimos, depois de o sossegarmos com uma breve explicação. O homem lá ficou na beira da estrada, a rodar o chapéu encardido nas mãos que honrosas presenças neste sempre acolhedor Salão Nobre da Casa do Douro, não resisto a imitar o cavador da estrada de Moimenta:
- O que foi?!!...O que foi?!!...
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