quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Acrobacias




Os bombeiros da Régua não podiam ter escolhido melhor cenário para, no dia 17 de Agosto de 1969, realizarem um exercício de destreza, bravura, disciplina e até de admirável beleza: perfilados nas escadas de ganchos, montadas na fachada de um prédio de habitação, de três andares, apresentavam uma continência a um público que, na Avenida Sebastião Ramires, como então era conhecida, assistia deslumbrado ao espectáculo de magia acrobática e de perfeita sincronia de todos os movimentos.
O prédio escolhido fica na proximidade Quartel dos Bombeiros. Apenas, os separa o Cine-Teatro Avenida, hoje em estado de ruínas. Desconhecem-se as razões para a preferência, mas não terá sido uma opção ao acaso. Coincidência ou não, esse prédio tinha a particularidade de nele encontrarem já sediados, os estúdios da “Rádio - Alto Douro” (1954), uma emissora regional, popular na região duriense, que entusiasmou um auditório fiel e vasto, durante décadas, até o poder político a nacionalizar e a encerrar.
Aquele vistoso exercício fazia parte do programa das comemorações do Dia do Bombeiro – e era também uma homenagem dedicada ao maior bombeiro português, Guilherme Gomes Fernandes - que os bombeiros organizavam, pela primeira vez, na então vila da Régua.
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Esta magnifica imagem dos bombeiros Régua estão também muito ligada à percepção de uma das mais interessantes avenidas da cidade, actualmente conhecida por Avenida Antão de Carvalho. Há quem a aprecie pelo cheiro e a frescura das suas frondosas tílias e, muitos outros, por nela se encontrar situado o Quartel dos Bombeiros, o mais ousado e bonito edifício que nela se construiu. Edificado nos anos 30, o Quartel Delfim Ferreira, obra projectada pelo arquitecto portuense Oliveira Ferreira, só veio a ser inaugurada 25 anos depois do “mestre” Anastácio Inácio Teixeira, artesão reguense, erguer a primeira parede de pedras de xisto, numa parcela de terreno doada por um executivo da câmara municipal  presidido pelo Dr. Mário Bernardes Pereira, que generosamente  amparou os bombeiros.
Naquele tempo, o Quartel dos Bombeiros da Régua fascinava quem por ali passava, nem que fosse só para contemplar os pronto-socorros e as ambulâncias arrumadas, os imponentes sempre à frente, com o realce para o “Nevoeiro”, o Ford e o velho Buick, a reluzirem no seu vermelho vivo e nos cromados de origem.

Se querem saber, é assim ainda hoje, para aqueles que não deixaram de passar na frente do Quartel dos Bombeiros. O fascínio e magia dos bombeiros da Régua não têm fim…!

José Alfredo Almeida

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