Uma bela imagem da grande cheia do rio Douro
de 1962 nas principais ruas da cidade de Peso da Régua. Na cidade da Régua, são consideradas cheias
grandes as que inundam a Avenida João Franco (que está à cota a 58 m ), implicando uma subida
do nível do rio em 13
metros de altura (caudal a 6 000 m3/s).
Essa cheia do rio de 1962, a segunda maior do
século XX, (a maior cheia é de 1909 com um caudal de 16.700 m3/s)
atingiu um caudal de 15.700 m3/s (cota 67,7 m ), o equivalente a 23 metros de altura para
além do nível médio do leito normal. Da grande aflição, com “horas de angústia” e
“horas de terror”, vividas pelos reguenses nessa cheia do rio, temos um
emocionante e doloroso relato feito nas páginas do jornal “Vida Por Vida”.
“Ainda não
seriam 19 horas do primeiro dia do ano de 1962, quando os nossos bombeiros
começaram a ser solicitados para prestarem o seu auxílio a diversas famílias
que na nossa zona ribeirinha estavam a ser molestadas pela subida do rio Douro.
Desde essa
hora, nunca mais os nossos bombeiros tiveram um minuto de descanso e o auge da
tragédia veio a verificar-se perto da noite, pois cada vez mais era superior o
número de pedidos, que os nossos briosos Soldados da Paz eram impotentes para
poderem atender. Duas vezes e com angústia se ouviu o toque da sirene para
alertar toda a população e os trabalhos iam sempre decorrendo debaixo de um
temporal e de uma preocupação constante.
Os
telefonemas sucediam-se para diversos locais a pedir informações sobre os
aumentos verificados no caudal do nosso rio e todas as notícias eram o mais assustadoras
que se podiam imaginar.
Cônscio da
gravidade da situação, eis que o Comando da Corporação delibera pedir a
colaboração das Corporações vizinhas (…).Surgiram já no meio da manhã do dia 2
de Janeiro e o seu trabalho também não poderá ser esquecido. Vila Real, Lamego
e Armamar, nos diversos locais onde trabalharam, deixaram a certeza de que
estavam connosco e só havia um fim: salvar as vidas e haveres de tantos
reguenses que se encontravam em perigo.
Tão cedo
não se apagará da memória de todos nós tão grave tragédia que, felizmente, não
teve a registar qualquer perda de vidas. (…) há a realçar a valentia dos
infatigáveis bombeiros que, já na noite desse segundo dia, com risco das suas
próprias vidas, salvaram diversos homens numa casa na Rua da Alegria, um casal
de velhinhos no Salgueiral, e de morte certa, duas famílias no Juncal de Baixo,
pois que estas, após terem sido retiradas, viam as suas pobres casas serem
arrasadas pela fúria crescente do rio Douro.”
Estes são os maus momentos das páginas do nosso rio Douro, que ciclicamente se repetem, mas que de volta às suas margens, que crescem por belos e imponentes socalcos de vinhas, se torna num dos elementos mais belos do espaço cénico da cidade de Peso da Régua.
José Alfredo Almeida
Estes são os maus momentos das páginas do nosso rio Douro, que ciclicamente se repetem, mas que de volta às suas margens, que crescem por belos e imponentes socalcos de vinhas, se torna num dos elementos mais belos do espaço cénico da cidade de Peso da Régua.
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