Guardo, na
memória mais viva, um registo impressivo da minha passagem pelo Congresso da
LBP, o 41º, que teve lugar na cidade da Régua, de 28 a 30 de Outubro de 2011.
Foi um
Congresso com uma excelente organização e um ainda melhor acolhimento por parte
dos Bombeiros Voluntários da Régua, que,
com simplicidade e mestria, souberam receber e reconhecer os Congressistas.
Três dias,
antecedidos de tantos outros, todos indistintamente entusiasmantes e não menos
marcantes.
Durante 6
meses, preparei afincadamente o Congresso e parti para ele com motivação,
ambição e realismo q.b.
O realismo de antecipar uma disputa
difícil, também pelo rol de personalidades que desfilaram, dias a fio, na
passadeira dos apoios e adesões, expondo razões, algumas, escondendo
motivações, outras tantas, marcando posições, todas elas.
A ambição de representar os Bombeiros de
Portugal, liderando a Confederação, com um Programa conhecido, abrangente e
explícito.
A motivação de um saber e conhecer, com
capacidades para, com entrega e a tempo inteiro, responder ao desafio a que me
propunha.
Recorri às
novas tecnologias e delas fiz uso insistente e recorrente para divulgar, com
propriedade e actualidade, um conjunto vasto de textos, contendo a minha
opinião sobre temas prementes, e permanentes, da vida dos nossos Bombeiros.
Deste modo,
julguei estar mais próximo e procurei chegar mais longe.
Conscientemente,
privilegiei o circuito comunicacional, sabendo que, com isso, me comprometia e
também me expunha.
Do Congresso,
dos seus 3 dias, reclamo uma quase ausência de projectos e ideias, um enfoque
nos protagonistas e em alguns figurantes e um rebuscado e intrigante jogo de
bastidores.
Todos
excessivos.
Tendo feito
uma prévia e profunda reflexão sobre o sector dos Bombeiros e a sua integração
activa no Sistema Nacional de Protecção Civil, com apuramentos necessários e
urgentes, apresentei ideias e propus-me ao debate do papel e das
responsabilidades do Estado, do modelo organizativo para os Bombeiros, do
modelo de financiamento para as AHBVs/CBs, das responsabilidades na área da
saúde (do transporte de doentes ao pré-hospitalar) e da formação.
Não alimentei
ataques pessoais nem me revi em atentados de carácter.
Foram dias
intensos, muito intensos e vibrantes.
Um Congresso
eleitoral com mais que uma lista concorrente é sempre um espaço emocional e um
momento vivo e singular, enquanto expressão de divergências e de visões
plurais.
No Congresso,
a par de uma “foleira” fulanização, ficou evidente a existência de duas
abordagens opostas, de duas visões bem distintas, resultado também de dois
percursos bem diferentes que alguns, confortados no desconhecimento, quiseram
apoucar.
E essa
oposição vale, hoje, como herança, que enriquece o presente e condiciona o
futuro.
O futuro
faz-se do imprevisto, da incerteza, do risco, mas também do que para ele
carrearmos em propósitos, compromissos e cumprimento de palavra dada.
Apesar de não
ter ganho o Congresso, como era minha expectativa, não saí zangado, nem ácido e
muito menos azedo.
Apenas triste.
Porque não vi
traduzido em votos e em confiança o investimento, físico e intelectual, que fiz
ao longo dos tempos para que os Bombeiros abraçassem a missão de sempre, com
outra ousadia e ambição.
Bati-me para
que os Bombeiros ganhassem um lugar central no sistema, reflectindo nesse lugar
o seu peso e importância operacionais como garante do funcionamento regular e
pronto da Protecção e Socorro.
Com o
Congresso da Régua ganharam os Bombeiros.
Houve
confronto e pluralidade de ideias e, com dignidade, provou-se que é possível
construir a unidade nos fins, impulsionando a diversidade estratégica.
Aos Bombeiros
da Régua, o meu muito obrigado por me (nos) terem acolhido tão bem!
Aos Bombeiros
de Portugal, o meu agradecimento por me terem proporcionado dos dias mais ricos
da minha vida dedicada a esta estranha causa, que, por ser também estranha,
mais se entranha!
Rebelo
Marinho
Presidente
da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu
Sem comentários:
Enviar um comentário