sábado, 22 de fevereiro de 2014

Congresso da Régua




Guardo, na memória mais viva, um registo impressivo da minha passagem pelo Congresso da LBP, o 41º, que teve lugar na cidade da Régua, de 28 a 30 de Outubro de 2011.
Foi um Congresso com uma excelente organização e um ainda melhor acolhimento por parte dos Bombeiros Voluntários  da Régua, que, com simplicidade e mestria, souberam receber e reconhecer os Congressistas.
Três dias, antecedidos de tantos outros, todos indistintamente entusiasmantes e não menos marcantes.
Durante 6 meses, preparei afincadamente o Congresso e parti para ele com motivação, ambição e realismo q.b.
O realismo de antecipar uma disputa difícil, também pelo rol de personalidades que desfilaram, dias a fio, na passadeira dos apoios e adesões, expondo razões, algumas, escondendo motivações, outras tantas, marcando posições, todas elas.
A ambição de representar os Bombeiros de Portugal, liderando a Confederação, com um Programa conhecido, abrangente e explícito.
A motivação de um saber e conhecer, com capacidades para, com entrega e a tempo inteiro, responder ao desafio a que me propunha.
Recorri às novas tecnologias e delas fiz uso insistente e recorrente para divulgar, com propriedade e actualidade, um conjunto vasto de textos, contendo a minha opinião sobre temas prementes, e permanentes, da vida dos nossos Bombeiros.
Deste modo, julguei estar mais próximo e procurei chegar mais longe.
Conscientemente, privilegiei o circuito comunicacional, sabendo que, com isso, me comprometia e também me expunha.
Do Congresso, dos seus 3 dias, reclamo uma quase ausência de projectos e ideias, um enfoque nos protagonistas e em alguns figurantes e um rebuscado e intrigante jogo de bastidores.
Todos excessivos.
Tendo feito uma prévia e profunda reflexão sobre o sector dos Bombeiros e a sua integração activa no Sistema Nacional de Protecção Civil, com apuramentos necessários e urgentes, apresentei ideias e propus-me ao debate do papel e das responsabilidades do Estado, do modelo organizativo para os Bombeiros, do modelo de financiamento para as AHBVs/CBs, das responsabilidades na área da saúde (do transporte de doentes ao pré-hospitalar) e da formação.
Não alimentei ataques pessoais nem me revi em atentados de carácter.
Foram dias intensos, muito intensos e vibrantes.
Um Congresso eleitoral com mais que uma lista concorrente é sempre um espaço emocional e um momento vivo e singular, enquanto expressão de divergências e de visões plurais.
No Congresso, a par de uma “foleira” fulanização, ficou evidente a existência de duas abordagens opostas, de duas visões bem distintas, resultado também de dois percursos bem diferentes que alguns, confortados no desconhecimento, quiseram apoucar.
E essa oposição vale, hoje, como herança, que enriquece o presente e condiciona o futuro.
O futuro faz-se do imprevisto, da incerteza, do risco, mas também do que para ele carrearmos em propósitos, compromissos e cumprimento de palavra dada.
Apesar de não ter ganho o Congresso, como era minha expectativa, não saí zangado, nem ácido e muito menos azedo.
Apenas triste.
Porque não vi traduzido em votos e em confiança o investimento, físico e intelectual, que fiz ao longo dos tempos para que os Bombeiros abraçassem a missão de sempre, com outra ousadia e ambição.
Bati-me para que os Bombeiros ganhassem um lugar central no sistema, reflectindo nesse lugar o seu peso e importância operacionais como garante do funcionamento regular e pronto da Protecção e Socorro.
Com o Congresso da Régua ganharam os Bombeiros.
Houve confronto e pluralidade de ideias e, com dignidade, provou-se que é possível construir a unidade nos fins, impulsionando a diversidade estratégica.
Aos Bombeiros da Régua, o meu muito obrigado por me (nos) terem acolhido tão bem!
Aos Bombeiros de Portugal, o meu agradecimento por me terem proporcionado dos dias mais ricos da minha vida dedicada a esta estranha causa, que, por ser também estranha, mais se entranha!

Rebelo Marinho
Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Viseu

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