Foto: josé alfredo almeida |
"Conheço o Marão desde que me conheço. Mas, não só o conheço como o adoro. Tive-o sempre na conta de divindade telúrica. Não posso contemplá-lo sem me extasiar.
Quase me lembra o dia em que o vi pela primeira vez. Deve ter sido quando saí de casa, ao colo ou pela mão de uma criada, para ir a Poiares - benzer, na igreja, o meu primeiro ramo.
Essa visão deve ter deixado marcas no meu subconsciente. Assim o creio sempre que me apetecer, mais uma vez, ir de Canelas a Poiares.Trânsito de quilómetros, se tanto, é uma viagem de mil léguas, ao cetrás, na minha imaginação. Regresso aos primeiros alvores da minha vida, a toda a minha infância. Vivo-a ou revivo-a nesse pequeno percurso.
(...)
Diz o povo que o Marão não dá palha nem grão. A mim, que o tenho percorrido a palmos, nunca me faltou com ensinamentos nem com inspirações. Tem-me dado a comer pão de espírito aos alqueires."
João de Araújo Correia
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