sábado, 28 de dezembro de 2013

Casas brancas

Foto: josé alfredo almeida



Vão rareando, no meu país vinhateiro, as casas de pedra e cal. As que existiam, envergonhando-se de ser velhas, trataram de se vestir à moderna, substituíram o antigo reboco, alvo de neve, por argamassa no trinque, pintada de cor estapafúrdia.
Casa  de paredes grossas, frescas no Verão duriense, tão cálido, e tépidas no Inverno, tão frio entre nós, cedem o passo  a casas de paredes finas como papel de seda - trespassadas de calor e frio, neste nosso clima de rigores extremos.
Casas de poiais de alvenaria, do lado de dentro de cada janela, foram amputadas, à voz dos mestres de obras, desses bons assentos, que dispensavam cadeiras.
Do lado de fora de cada janela,  às duas bandas saíam da parede mísulas de pedra, onde podiam assentar, para cravos e jardineiras, vasos rústicos improvisados.
(...)
Casas brancas, de pedra e cal, enxameavam no Douro. Riam, como dentes alvos de neve, por entre a folhagem que tapeta os nossos declives. Hoje, borradas de várias cores, não sobressaem. Morrem...



João de Araújo Correia

Sem comentários:

Enviar um comentário