“Quando
o quartel dos nossos Bombeiros funcionou modestamente numa casa situada no
actual Largo dos Aviadores, frequentei-lhe as salas recreativas com o meu pai -
era eu rapazinho.
Na
sala dos jogos, inofensivos jogos de cartas, dominó e quino, lembro-me de ver,
encostada a uma parede, uma alta e larga estante de madeira rica, toda
envidraçada e repleta de livros.
Creio
que ninguém lhes tocava. Quem se entretinha com a sueca, o dominó e o quino
talvez nem reparasse na volumosa estante, abarrotada de livros.
Reparava
eu... E o meu regalo seria abrir aquela estante e colher de lá um livro para o
folhear e ler antes de me deitar. Assim eu o percebesse. Era ainda tão novo…
Teria onze, doze anos.
Os
meus encantos, naquele clube, eram aquela estante. Mas, sempre fechada e muda.
Até que uma noite, e em noites seguidas, a vi abrir. Um senhor, que usava
óculos, ia retirando e colocando de novo, no seu lugar, rimas de volumes.
Arrecadava-os depois de lhes escriturar os títulos num grande livro de papel
almaço.”
João de Araújo Correia
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