terça-feira, 26 de julho de 2016

Os meus avós

os meus avós: Álvaro e Etelvina 


Volto sempre  à casa 
dos meus avós
E, com medo de me perder,
sigo sempre o mesmo caminho
Que me ensinaram na infância

É fim de tarde
de verão
Está aberta a janela.
De onde eu via o rio.
o céu riscado de estrelas
E uma  lua
que fazia poemas no meu pensamento.
Há também  roupa a secar.
Devem ser os  calções de uma criança
(e a fisga tinha-a escondido)
que foram meus
naqueles dias de imenso calor.

Uma voz nítida ouve-se
nas sombras daquele caminho 
Parece-me que a estou a ouvir
É a minha avó a chamar-me:

-"Rapaz anda merendar!"
A mesa está posta
a toalha de quadrados vermelhos
 uma caneca de  água fresca
cachos de uvas moscatel
fatias de pão de centeio
E o que eu mais gostava
um bolo de laranja
que era  receita especial
da minha avó Etelvina

Volto sempre à casa 
 dos meus avós
Sentados à volta daquela mesa posta
com a minha merenda
Gostava de  ouvir a minha avó
E não  consigo.

Como gostava daquele tempo!
Tudo ali passou, num instante
Apenas me resta
levar também a última fatia
daquele bolo de laranja.

Desculpem...esta nostalgia
 não vou fazer mais poesia.
-Vou é merendar a casa
dos meus avós.


josé  alfredo almeida    

2 comentários:

  1. As doces ..lembranças..
    Ternuras.."sentidas"...
    A Merenda...essa -sempre ..posta na mesa..
    com sabor a "laranja"..
    Com AMOR....


    ResponderEliminar
  2. Muito bom, e muito doce, lembrar os avós!

    ResponderEliminar