Foto:josé alfredo almeida |
Esta
varanda, sobre a calçada e a casa dos Melos, era a entrada principal da casa.
Uma escadaria de pedra, encoberta por uma glicínia lilás, dava acesso à sala do
piano, para onde entravam as visitas, onde se recebia o Compasso, e onde se
velavam os mortos.
Um
enorme retrato de Agustina, pintado por Hébil, ocupava uma parede; nas outras,
belíssimas gravuras francesas, alusivas à Música; uma mobília de palhinha com
as clássicas rocking-chairs, e o
piano, um Pleyel, desafinado há muito, muito tempo. Tinha duas janelas, essa
sala: uma, dava para a escadaria; a outra, para a parte de trás da varanda,
voltada para a Régua, e Vale Abraão. Um grande espelho, na parede do fundo,
fronteira à entrada, reflectia a glicínia agitada pelo vento, quando a porta
estava aberta. Esse espelho caiu, e partiu-se, no dia em que deixei aquela casa
para sempre. Vamos lá a procurar uma alma e um sentir nas casas e nas coisas…
Manoel de Oliveira filmou uma cena do filme Vale Abraão nesta
varanda, fixando-a para sempre, com todo o significado insondável das memórias.
Mónica Baldaque
Godim, 1/Setembro/2016
...Um bonito...único..LUGAR ...
ResponderEliminarMEMÒRIAS...estas .aqui ..tão "prontas" a ler ....
com gosto.....
...a autora ...é "particularmente ESPECIAL..!!!