Lá
se foram os caracóis, marca de uma identidade no feminino, moldura bela de
infantis rostos mimosos! Tesouras atrevidas
e sem coração avançaram, afiadas, pela tua cabeça de garotinha que a mamã
levou ao seu coiffeur. Para o caixote
do lixo seguiram os restos da tua idade de brincar.
Agora,
de cabelo à garçonne, com esse gancho
adulto a domesticar as farripas rebeldes, pareces (não fora a tua roupa) as meninas
órfãs ou abandonadas de que asilos eram depósito. Deixa lá! Os anéis desapareceram,
mas não levaram com eles a tua beleza fresca.
Pareces
feliz. As bonecas e demais brinquedos, no seu estatismo frio e mudo esperam, em casa, por ti.
Tiveste
ordem de sair para o quintal, jardim das delícias de todas as crianças pelo que
encerram de apelos à aventura, a saltos e correrias sem reprimenda.
Agora
os teus filhos não são de bazar. Ofereces o teu colinho e os teus carinhos a
dois gatos, quase do teu tamanho, que se apequenam para nele caberem, sem
bulhas nem bufadelas. E se, sentindo-se em dívida, te lamberem a mão, lembra-te
que a gatice não conhece outra forma de beijar...
M. Hercília Agarez
Vila Real, 30 de Janeiro
..Tão .."fresco" excerto ..este ..
ResponderEliminar..Ser criança ..brincar ..com as ternuras mais simples e bonitas ,,!!
GOSTEI MUITO..MUITO ...
Tão bonita a menina, mesmo sem caracóis!.
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