segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Depois de tudo






Pergunto a mim próprio em que noite nos perdemos?
que desencontro nos levou de um a outro lado das
nossas vidas? e que caminhos evitámos para que os nossos
passos se não voltassem a cruzar? Mas as perguntas que
te faço, hoje, já não têm resposta. Sento-me contigo, 
nesta mesa da memória, e partilho o prato da solidão. Tu, 
na cadeira vazia onde te imagino, sacodes o cabelo com
um aceno de ironia. E dou-te razão: as coisas podiam 
ter sido de outro modo. Não te disse as palavras que
esperaste; e havia o mar, com as suas ondas, nessa tarde
em que me puxaste para longe da cidade, como se
a noite não nos obrigasse a voltar, quando o horizonte
se apagou a nossa frente. Depois disso, nenhuma
pergunta tem resposta. O que é absurdo há-de continuar
absurdo, como o horizonte não se voltou a abrir, 
trazendo de volta os teus olhos que me pediam que
os olhasse, até que a noite me impedisse de o fazer




Nuno Júdice

1 comentário:

  1. ..Sentir saudade ..do AMOR ?

    .

    E que .."ternura mais bonita ..este sentir...

    ..Depois de tudo..."olhos nos olhos "..
    ....e o ENCANTO DO ABSURDO....!!!!




    ResponderEliminar