quarta-feira, 20 de junho de 2018

Rio envergonhado

Foto:josé alfredo almeida


    Parece que encolheste, que estreitaste. Estás envergonhado ou ciumento? É legítimo. A folhagem das videiras, de crescimento saudável e rápido, exibe-se, prazenteiramente. Cheias de prosápia, as parras, formando maciços de verdura tenra, monopolizam os olhares. Dos  proprietários a farejar indícios de maleitas, afeitos às partidas de mau gosto de geadas e a outros atentados. Vigilância sem tréguas. Prontidão no ataque a pragas malfazejas (passe a redundância). Olhares de simples passantes, filiados no partido da beleza vegetal. De apreciadores dos vinhos do Douro, finos ou de mesa, que se contentaram, durante anos, com o prazer do seu sabor, menosprezando a paisagem milagreira de onde provieram.

    Sossega, rio. Tu, caudal encorpado, obediente ao destino ditado pelo progresso, és e serás, sempre, o nome simbólico da região. Um emblema. Um estandarte. Um cartão de visita. Tu e as vinhas não são antagonistas. Complementam-se. Cada um no seu papel, empenhados em boas performances.
    Sobre ti, Doiro (para Torga e João de Araújo Correia), rio e região, escreveu o primeiro em PORTUGAL: "[...] e é, na pequenez que nos coube, a única evidência incomensurável com que podemos assombrar o mundo".    E esta, hein?  




M. Hercília Agarez
Vila Real, 20 de Junho                                      

2 comentários:

  1. Espreitemos o rio, desta janela verde.

    ResponderEliminar
  2. ..BELEZA ::A DOIS ...O RIO E A VIDEIRA ..
    ::SÂO AS CORES ::SÂO AS FORMAS ::

    ..ÌMPETO::FRESCO::BELO::

    ..DOURO ...

    ResponderEliminar