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Foto:josé alfredo almeida |
Ainda ontem eras criança, de bagos pequeninos como missangas,
crescendo camuflado entre parras da tua cor. Deste um grande pulo. Ganhaste
corpo. Robustez. Já te impões na paisagem vinhateira com a tua galhardia
adolescente. De peito feito.
Não se pode
adaptar-te à fábula "A Raposa e as Uvas", criada, na Grécia antiga
por Esopo, a que se seguiram o francês La Fontaine e, entre nós, Bocage, o
infeliz poeta de Setúbal tão mal tratado. Toda a gente conhece as suas
anedotas, pouca a sua poesia. Na sua versão, a originalidade é o desabafo da faminta
raposa - "Estão verdes, não prestam / Só cães as podem tragar"- ,
perante a impossibilidade de alcançar um cacho bem maduro, suspenso de uma
latada.
Também tu está verde, mas prestas. Prestas
hoje, como promessa do amanhã. Um amanhã adulto e colorido.
Que Deméter, deusa da terra cultivada, te
ponha a sua divina virtude...
M. Hercília Agarez
Vila Real, 16 de Junho
ResponderEliminarDEUSES ::POETAS ..DIVINDADES..
e o pequeno cacho.."virtuoso.. pleno..."
afirma.se ..BELO...!!
Que belo texto!
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