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Foto:josé alfredo almeida |
sábado, 30 de junho de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
quinta-feira, 28 de junho de 2018
quarta-feira, 27 de junho de 2018
Eternamente Douro-539
terça-feira, 26 de junho de 2018
segunda-feira, 25 de junho de 2018
Desejo uma fotografia como esta
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Foto: josé alfredo almeida |
Desejo uma fotografia como esta — o senhor vê? — como esta:
em que para sempre me ria como um vestido de eterna festa.
Como tenho a testa sombria, derrame luz na minha testa.
Deixe esta ruga, que me empresta um certo ar de sabedoria.
Não meta fundos de floresta nem de arbitrária fantasia...
Não..
Neste espaço que ainda resta, ponha uma cadeira vazia.
Cecília Meireles
domingo, 24 de junho de 2018
Concentração
O livro é um
amigo que não engana
(pensamento
francês)
Menino bonito. Penteadinho. Refastelado em
sofá de couro. Sozinho. Concentrado. Lê, sorridente, um livro talvez grande de
mais para a sua idade. Lido quase até ao fim, em expectativa curiosa de saber o
desenlace.
Está
frio, lá fora. Um fora onde costuma brincar com amigos vizinhos. Ao pião, às
caricas, ao arco. Brincadeiras de passeios de rua de que a trotineta é a maior
das aventuras.
Está compenetrado, o miúdo. Devem estar já
feitos os deveres da escola (chamados agora, em tempo de siglas, TPC -
trabalhos para casa). A leitura é o seu lazer de interior. Tem o privilégio de
ter nascido no seio de família com biblioteca. Leitor infantil promete vir a
ser leitor adulto. Leitor adulto, leitor culto.
Menino bonito. Menino a ler. Penteadinho.
Imagem comovente tornada anacronismo. Menino de um ontem sem jogos de consola,
sem videos violentos, sem facebooks. Sem tudo o que, num hoje, é moeda de troca
entre pais e filhos.
A felicidade foi, sempre, inerência da
infância. Só aumentou o preço...
M.
Hercília Agarez
Vila Real, 24 de Junho
sábado, 23 de junho de 2018
sexta-feira, 22 de junho de 2018
O meu Moledo-142
quinta-feira, 21 de junho de 2018
quarta-feira, 20 de junho de 2018
Rio envergonhado
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Foto:josé alfredo almeida |
Parece que encolheste, que estreitaste. Estás envergonhado ou
ciumento? É legítimo. A folhagem das videiras, de crescimento saudável e
rápido, exibe-se, prazenteiramente. Cheias de prosápia, as parras, formando
maciços de verdura tenra, monopolizam os olhares. Dos proprietários a farejar indícios de maleitas,
afeitos às partidas de mau gosto de geadas e a outros atentados. Vigilância sem
tréguas. Prontidão no ataque a pragas malfazejas (passe a redundância). Olhares
de simples passantes, filiados no partido da beleza vegetal. De apreciadores dos
vinhos do Douro, finos ou de mesa, que se contentaram, durante anos, com o
prazer do seu sabor, menosprezando a paisagem milagreira de onde provieram.
Sossega,
rio. Tu, caudal encorpado, obediente ao destino ditado pelo progresso, és e
serás, sempre, o nome simbólico da região. Um emblema. Um estandarte. Um cartão
de visita. Tu e as vinhas não são antagonistas. Complementam-se. Cada um no seu
papel, empenhados em boas performances.
Sobre ti, Doiro (para Torga e João de
Araújo Correia), rio e região, escreveu o primeiro em PORTUGAL: "[...] e é, na pequenez que nos coube, a única
evidência incomensurável com que podemos assombrar o mundo". E esta, hein?
M.
Hercília Agarez
Vila Real, 20 de Junho
terça-feira, 19 de junho de 2018
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Diz
Se eu desaparecer hoje
E falo mesmo do meu corpo aqui tão sentado
a escrever desde a ponta da língua à légua mais distante
da minha vida,
diz que compreendi.
Diz que sei que nada está onde é certo estar
Que o amor súbito é a escada para o entendimento
e come os espelhos
Diz que fui ar azul sobre campos de secura
Estrada recta ao infinito, entre oliveiras,
um acidente ao longe
Que provei toda a sede quando engoli os homens
Que queimei alegremente no ácido das palavras
Que tombei em ricochete para que me vissem
E que quando me viram me ergui animal
Diz que me viste nua, sempre
Que corri por hospícios de olhos fechados
e a boca às avessas
Que vivi mais ao alto do que em mundo plano
e fui honesta na minha rente loucura
Diz que nunca esqueci a subida a um plátano
Que ninguém viveu no meu lugar, nem eu no de ninguém
Que fui sim, o halo frio que enchi com esta pena pela
minha ausência
E que tudo o que disse foi com silêncio
Diz que sei, sobretudo, que ardemos juntos como ventosas,
embora não queiras
Que o teu corpo me serviu de andar nas pernas asmáticas
Que te agradeço ter-te oferecido lírios
Que me reduziste o nojo da espécie
Diz que eu, fui eu
Guarda-me este segredo que tenho largo por baixo dos cabelos:
- quanto em mim fui que não vivi
quanto em ti é que fui eu?
Mas não te preocupes, não desapareço hoje
Quando me conheceste já eu não existia,
e tu sabes
que essas saudades que vais tendo,
são as minhas.
Cláudia R. Sampaio
domingo, 17 de junho de 2018
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