Eu, no Moledo: era o verão de 1965 |
Há ocasiões em que a vida parece zangada comigo. Mostra-me má
cara, mal abro os olhos. Pressinto que não vai correr-me bem o dia. Fico
irritadiço, azedo, com a sensação de que todas as forças do mal-viver se uniram
para gozar com a minha cara de poucos amigos: a cerveja morna, o café queimado,
o jornal esgotado, as birras do automóvel, os enguiços do computador, o mau
humor do patrão. Nem vale a pena estender mais o rol das picardias.
Tarde, mas encontrei
o antídoto. Quando vejo as coisas a dar para o torto, peço colo à infância,
voando até ela "nas asas da fantasia".
Felizmente sou do
tempo em que se mandava revelar o rolo
das fotografias, depois coladas em folhas de álbum próprio, com cantinhos triangulares
e decorativos, separadas por leves e estampados papéis de seda.
Aqui está um
exemplo. Aqui está a minha pequenez rechonchuda. Aqui está um "boneco
chorão" (risonho não estava...) heroicamente sozinho, menino da cidade, em
risco de magoar os dedos dos pés a que as sandálias deram autorização de saída,
nas pedras do caminho.
As pedras de hoje
são outras, talvez magoem mais, mas comigo não levam a melhor...
M. Hercília Agarez
Vila Real, 7 de Maio
Saudades da infância.
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