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Foto: josé alfredo almeida |
Parece que fogem,
estes galhos desordenados, confusos. Frágeis, indefesos, raquíticos, esticam-se
como se procurassem outro destino. Cansaram-se de uma inutilidade tornada
pesadelo. Ninguém quer nada com eles. Ninguém espera nada deles. Nem a tesoura
da poda lhes deu a honra da sua visita. Inúteis. O vento exerce sobre eles todo
o seu poder de agitador agressivo e incisivo. E parece que fogem, sem
conseguirem sair do sítio, como acontece, por vezes, nos pesadelos. Esquecidos,
abandonados, ignorados. Simples rabiscos negros desenhados por mãos infantis
sobre um manto azul. De tão leves, não aguentam sequer o peso de pássaros em busca de poisos para descanso,
após longos e largos voos.
Pela configuração, esta irmandade de excrescências faz lembrar número de
pirotecnia. Chuva de lágrimas. Negras. De dor.
Não valem nada. Resta-lhes a esperança de que o tronco robusto que os
regurgitou escape a raivosos raios humanos, impunes e imunes. Porque eles são,
e continuarão a ser, INÚTEIS.
M. Hercília Agarez
Vila Real, 20 de Maio
Na verdade, muitos destes galhos parecem querer fugir...
ResponderEliminar--Por entre a escuridão.."um choro" persiste ??
ResponderEliminar..As árvores também .."CHORAM " !!!