sexta-feira, 3 de abril de 2015

Ser único



         Manoel de Oliveira no Douro

         Régua/2010:  Manoel de Oliveira com os proprietários do restaurante João de Algés, o  nosso amigo e saudoso João e a Helena,onde  o realizador  constumava almoçar  uma  boa comida caseira, quando  aqui se esteve a  realizar o  (excelente) filme O Estranho Ccaso de Angélica que tem com cenário uma história passada na Régua: https://www.youtube.com/watch?v=-NsHLR9iCIM


        Sobre o filme: "O Estranho Caso de Angélica é o projeto (...) do cineasta-centenário-português Manoel de Oliveira. Numa noite chuvosa vemos um homem desesperado para encontrar um fotografo perto das três da manhã, o escolhido é Isaac um jovem judeu que acabara de chegar na cidade e que perambula por ela atrás de fotos de um cotidiano esquecido.
O roteiro dá corpo aos sentimentos de Isaac compondo imagens fantásticas com bom humor, ou seja, vertentes diferentes da sua usual filmografia. Todavia, para compensar essa leveza, o cineasta abusa de ambientes claustrofóbicos, monocromáticos, planos estáticos e semi-mortos, em especial na cena do funeral de Angélica.
Sim, a Angélica do título não está viva, longe disso, ela está morta e Isaac deve fotográfa-la para que a mãe da moça tem uma última recordação. Logo ao chegar na casa da falecida, o fotografo esbarra com a irmã devota que o julga ao ouvir seu nome judaico.
Isaac ignora o desconforto e se depara com algo, ou melhor, alguém que não pode ignorar: Angélica. A imagem captada por ele não sai de sua cabeça (ainda mais quando a fotografia sorri a ele) e é aí que a garota começa a participar do seu cotidiano, através de aparições – incluindo uma viagem pelos céus da cidade ao melhor estilo Mélies.
Contudo, é inevitável para Oliveira não intercalar essa viagem de Isaac com as conversas daqueles que convivem com ele. Evitando um discurso direto o entre “Revelar” (alusão ao Apocalipse) fotos, citações bíblicas (as trombetas dos anjos, interpretação de sinais, etc) e metafísica – a matéria e a anti-matéria (corpo e espírito) – evidenciado pela quebra da poesia da imagem quando a poluição sonora invade os devaneios de Isaac.
Suave e divertido, Manoel de Oliveira nos entrega um filme em homenagem a beleza eterna através de um exercício lúdico sobre a morte, e – acima de tudo – poética." 

In "Vida Ordinária" 

Sem comentários:

Enviar um comentário