quarta-feira, 26 de março de 2014

O meu Moledo-31



Paisagem de infância.
a margem, o rio,
onde o horizonte me convoca e foge.

tenho 12 anos, tenho um cow-boy
que vi no cinema cuidando do seu cavalo ferido
estranhamente parecido a meu pai.
ele penteava e revigorava os meus cabelos
que dançavam na praia deserta
entre eflúvios de ternura.

e cada gesto mimetizava o Sol.

um fio longo e liso do meu cabelo
captou o eco das dunas.
uma borboleta incandescente
perdida na vertigem, cruzou o meu sono.
vento, olhos, pedras e as nuvens
manifestaram a constância desse esplendor.

com um sopro dos deuses
tudo ficou calmo e azul.
o sangue, a história improvisam.

Tudo se refaz. Nunca tardo, pai.

Júlia Moura Lopes

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