sábado, 3 de março de 2018

Olhar de outrora





Vejo-te no espelho da memória. Olhas-me; e
ficamos preso em teu olhar de outrora,
como se o tempo não tivesse continuado, ou
aos dias que passaram outros dias não se tivessem
acescebtado. Mas os teus olhos mantêm a mesma
inquietação que neles conheci, e a tua mão
prolonga a certeza que ficou em nós,
fazendo florescer a rosa do amor. Nos teus lábios
continua a palavra que não disseste, como também
quando o que há-de ser dito, sobretudo que
o tempo anda para além do nosso tempo, e só um
dia teremos a resposta que já conhecemos,
para além das palavras que não trocámos.


Nuno Júdice 

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