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Foto: josé alfredo almeida |
"Cá se fazem, cá se pagam".
Chegou-me, enfim, o tempo da desforra.
Fui barbaramente maltratada durante meses. Começaram por me despir
despudoradamente, indiferentes à minha resistência, ao sofrimento meu e dos
meus galhos-filhos de frio transidos, de medo mudos, temendo atentados à sua
fragilidade.
Tornei-me esqueleto negro, apesar da
posição vertical. Levaram-me mesmo o afago morno do sol bem intencionado, o
chão esverdinhado onde arreigo as raízes, meu embrião, meu início de vida.
Resisti a investidas tempestuosas de eólos enfurecidos, assisti,
impotentemente, a desabares de muros centenários, à fuga de lixos para o meu rio
choroso, ao sono inquieto de vinhedos descarnados.
Mas agora aqui me têm, renovada, esplendorosa,
no meu melhor. Incumbiu-me Geia de ser arauto da Primavera, dessa explosão de
beleza e de promessas de que só não gosta quem vê sempre a vida a preto e
branco.
M.
Hercília Agarez
Vila Real, 12 de Março de 2018
.E o recomeço ..de tudo..
ResponderEliminarPerfumes ..cores .."brilho....
uma beleza ..sem fim...!!
E o "PERFUME " DA FOTOGRAFIA ...??
INTENSO .............