"Relanceio os olhos para os meus montes e os meus vales, o meu rio e o
meu Marão. Toda esta gente me diz adeus. Fisionomias imensas, austeras e
altivas, bondosas e amigas, sobrepõem-se a todo o redor, como fazem
quando eu chego e quando eu parto e um vozear indefinido e longínquo
acalenta-me como o do mar ao seu marinheiro. (...) Os meus olhos vão-se
desprendendo como os braços, quando outros braços deixam e como a minha
vida aqui se passou muito tempo estas vinhetas acordam-me a memória, e a ronda do passado começa, variada, insistente, comovida e bela.
Ao dar a volta ao Vale de Locaia, olho ainda em redor, abrangendo tudo,
faço vista de arrasto recolhendo tudo, toda a minha terra e fecho este
mundo à chave no meu coração."
( Escritor duriense nascido em Valdigem, Lamego, 1889 e falecido no Porto, 1953)
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