sábado, 20 de setembro de 2014

Vindima




Vindima
Autor: Miguel Torga
Edição: Coimbra Editora

"Este magnífico romance de Miguel Torga foi injustamente considerado como obra menor aquando da sua publicação em 1945. As preocupações sociais e a solidariedade apaixonada do seu olhar sobre o povo aproximam Vindima das ficções neo-realistas. O que distingue este romance é antes de mais a deslumbrante escrita de Miguel Torga. No entanto, trata-se de um romance voluntariamente realista e que aponta, sem sombra de dúvida, na direcção de uma profunda transformação da sociedade
Torga exprime o seu amor à terra, à sua rudeza, à sua grandeza - e ao povo que dela vive e aluga os braços em ocasiões difíceis, para sobreviver. As personagens que cria não são apenas ilustração de estamentos sociais diversos em conflito social. São-no, sem dúvida, mas representam a variedade da vida: a saúde e a doença, o desejo, a ambição, a vaidade, o remorso, a alegria. O narrador pinta quadros provincianos e rurais de festa, de ostentação, de primavera e de desgraça. O Dr. Bruno é o citadino em férias, convidado pelos Meneses, que, mal aceite pela poetisa Catarina, da família senhorial, seduz Guiomar, filha de um arrivista implacável com os trabalhadores. A teia do romance é vasta e complexa. Trás-os-Montes aparece-nos nos vindimadores da roga, nos seus derriços e na sua raiva contra os que os humilham. Iládio mostra-se abusador e covarde; Alberto, generoso e infeliz, acaba por morrer. A roga torna à montanha, a S. Martinho, o Dr. Bruno furta-se às suas responsabilidades. A mesma vida injusta, dura para uns, dadivosa para outros, segue o ciclo dos dias."

Urbano Tavares Rodrigues

Sem comentários:

Enviar um comentário