sábado, 29 de junho de 2019

Paragem fortuita




Em que lugar do mundo resplandece
o fulgor
do instante?

José Tolentino de Mendonça


      Como de costume em domingos namoradeiros, decidiram dar uma volta de carro. Sem mapas do A.C.P., desdobráveis lençóis de emaranhados e coloridos caminhos, destronados (ou quase) por uma outra coisa também siglada – GPS, apenas se fizeram acompanhar de vontade comum de verem ou reverem sítios de natureza sempre surpreendente e memórias de pedras incorruptíveis, do esquecimento vencedoras ou por ele vencidas.

    Unia-os, além da reciprocidade dos amores, a sensibilidade que torna o belo mais belo, o vivo mais vivo. A ânsia de saborearem prazeres sem pressas. No tempo de estradas mais curvas do que rectas, de livre trânsito com anuência de paragens em beiras reentrantes, em miradouros de contemplar vistas largas, sedentas de olhares humanos.

     Ela saiu. Talvez para desentorpecer pernas ao léu. Paragem de turista que vento não respeita. Ele é senhor de todos os lugares, em todos os tempos, não deixa de soprar se há penteados femininos em perigo…

     Por trás, pouco verde, comum verde vegetal. E em frente? O destinatário do sorriso, obviamente. Saia uma foto para a troca! O resto é paisagem! 

M. Hercília Agarez
Vila Real, 29 de Junho

1 comentário:

  1. Um lugar ..um momento...
    Um sorriso ..."de contentamento "..
    Um doce de "SORRISO " !!!!!!

    ResponderEliminar