sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Sedução

Foto:josé alfredo almeida


        Silvestres ou civilizadas. Trepadoras arrojadas ou de caules obedientes. Aromas semelhantes, cores e tonalidades variegadas. Da pureza do branco de inocentes vestidos de baptizados e de comunhões femininas - não esquecendo a opção nupcial sempre na moda- à excepcionalidade aveludada do púrpura e do roxo.
     Rosas vermelhas são caso à parte. Cheiram a amor, falam a linguagem macia, quente, melodiosa, da paixão, São a voz de quantos, por timidez, confiam nas mensageiras palavras que só lhes ocorreriam com insegurança gaguejada.
    E é bonito, no dia dos namorados, ver jovens de barba a desabrochar, empunhando um presente tão singelo como expressivo. Apetece usar um paradoxo em voga: um silêncio eloquente.
    Há mulheres que aguardam impacientemente dias de efemérides, afectivas para receberem uma jóia a acrescentar à colecção. É relativo, o valor das ofertas. Um ramo de rosas vermelhas com que o marido entra em casa em dia de aniversário de casamento, não será mais precioso do que o último sucesso da Cartier a compensar o esquecimento que a esposa, envinagrada, lhe faz sentir com cara de poucos amores?...


M. Hercília Agarez
Vila Real, 5 de Outubro de 2018 

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