terça-feira, 16 de outubro de 2018

Cena rural





    - Ó Terezinha, estão a tirar-nos uma chapa! E não é por via de mim! Esconda a vassoira, não vão por aí dizer que a pomos a trabalhar! Muito gosta a menina de estar  na quinta! É por mor da vindima, bem no sei. Acha graça àquela zerechia e aos descantes das moçoilas. E não é que tem jeito para o corte? Até parece que lhe nasceram os dentes entre as vinhas! E não se dá de esfolar as mãos mimosas. Olhe, há tempo (tinha a minha Inácia um anito), apareceu por aqui uma fedúncia do Porto, filha duns amigos dos patrões, que os pais empontaram para a afastar dum fatinário que não tinha onde cair morto. Pois vai-se a ver o engrojo enrabixou-se pelo Tino do Feitor e ia no encalço dele como cadela com  cio. A Mercedes percebeu a estrangeirinha e só lhe não foi aos fagotes porque a comadre Jaquina se meteu de permeio. Desculpe, menina, estou para aqui a enzoeirá-la com esta prosa e nem me lembro que são horas da merenda. A Terezinha quer o pão com presunto ou antes profere salpicão?



M. Hercília Agarez

Vila Real, 16 de Outubro, 2018

2 comentários:

  1. ..A originalidade ..na prosa ..
    E a "veracidade " curiosa ..das palavras...Da "JAQUINA " ..pois ..

    ORA aqui me vejo ..numa leitura .."entusiasmante .."!!

    ..OBRIGADA SRA DRA . HERCILÍA ...

    Obrigada meu amigo DR JOSÉ ALFREDO...


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  2. Conversa de pátio, com cão dormindo.

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