quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Patcwork

Foto:josé alfredo almeida



Embora fosse usual já na Idade Média, esta técnica tornou-se, entre nós, uma moda nos nossos dias. Prendadas mãos, adjuvadas com a máquina de costura, um bom sentido de harmonia cromática, um tacto sensível a uma desejável uniformidade de textura, fazem obras de arte, abandonando a estafada manta e enveredando por criações da moda:  de vestidos a malas de mãos, de sacos de compras a peças de uso doméstico, enfim, asas à imaginação!

A natureza, essa,  faz um manto de retalhos sem dar um ponto. Não necessita de mestras nem de revistas da especialidade. Só que é mais selectiva na variedade das cores. No Outono a moda são os tons pastel, pois tomem lá!

Como por magia, reúnem-se videiras de todas as castas, harmonizam-se as diferentes tonalidades de verdes, de amarelos, de castanhos, de vermelhos e até o azul anil mete o bedelho.... Sem rivalidades nem invejas, sem ânsias de protagonismo, sem ensaios. Todas se unem, irmãmente, para agradarem à região que lhes coube em sorte. Parece que sorriem para quem as admira. Que riem para a fotografia.


Ficamos com a impressão de que os vinhedos durienses nos querem oferecer um banquete de beleza antes de nos agredirem com um negrume nu e arrepiado de cepas contorcionadas, presas às pedras de xisto por arames quase invisíveis e de que se menospreza a missão.

O Douro, esse, continua a correr, engrossado com as lágrimas daquelas vinhas na hora da despedida.


Vila Real, 08 de Novembro
M. Hercília Agarez

1 comentário:

  1. E por aqui, vamos a pouco e pouco, bebendo a beleza
    que o passar das estações, o Douro nos vem oferecendo.

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