quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Ó oliveira da Régua...

Foto:josé alfredo almeida


Majestosa. Imponente. Seráfica. Narcisista. Templo de colunas semi-geminadas. Impõe a sua cúpula gigantesca, feita de folhas em miniatura, numa paisagem em que dominam, vistas dali, umas vinhazinhas decrépitas, de folhas encarquilhadas, velhas, moribundas.

Nunca a terão tesourado, como às suas colegas sem pergaminhos, para facilitar a apanha da azeitona. A sua missão é decorativa, não produtora. Os seus frutos, mimeticamente confundidos com a  folhagem (mais verde, menos verde), são  tão inúteis como as pedrinhas das margens do rio.

E troça dos longes, olha a cidade como se fosse a Régua dos Pequeninos. As pontes, os  montes, o rio parecem-lhe desenhos infantis. E o seu ego incha desmesuradamente ao ver nela fixas objectivas fotográficas num momento em que os passantes só associam a beleza da região duriense ao colorido policromo dos vinhedos.


Vila Rea, 22 de Novembro
M. Hercília Agarez

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