quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Janela do Douro

Foto: josé alfredo almeida

Apaixonei-me logo por este rectângulo
onde fulgura um horizonte dourado,
cruamente medido pela rotina de rebanhos
ovinos, caprinos ou humanos – semelhantes
no destino, mas desiguais no esplendor.

Ao lado, entre a ruína de dois moinhos,
pessoas vivem ou morrem
dos seus ordeiros rebanhos, da música
que emoldura tardes felizmente iguais,
debaixo de um sol inclemente.

Esta janela, afinal, não precisa de comparações.
Durará enquanto houver silêncio.

Manuel de Freitas

Sem comentários:

Enviar um comentário