terça-feira, 19 de agosto de 2014

Fotografia





Vais-me roubando a alma enquanto me tiras a foto
e a cada disparo fabricas um cadáver.
Onde estará o meu tempo
e a minha respiração e a constância
com que observo as coisas, se observo um assassino?
Posar para uma foto é simular a vida
e a casualidade.

Quem estará no papel não serei eu
mas o meu fingimento e a tua versão dos acontecimentos.

Tu és bom na tua profissão.
Eu engano o Ciclope e chamo-me Ninguém.


José Luis Piquero

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