quinta-feira, 1 de maio de 2014

Alves Redol no Douro




"Há quase quarenta anos, Francisco Tavares Teles, destinatário das cartas que se publicam neste volume, escrevia um valioso testemunho sobre Alves Redol no Douro, em que concluía: "Se um dia publicarem as cartas que possuo de Alves Redol, elas dirão, melhor do que eu, da sua história no Douro. E também contarão muito da própria do escritor que, com tanto amor, sacrifício e coragem, foi cumprindo a missão a que se devotou em favor do povo português. Um povo que sempre se há-de mirar na sua obra, orgulhoso de se ver retratado com admiração e respeito por um autêntico amigo".
Na verdade, a correspondência trocada entre Alves Redol e Francisco Tavares Teles, ao longo de um quarto de século, ajuda a desvendar não só muitos aspectos da relação que o escritor ribatejano manteve com o Douro mas também alguns elementos essenciais para compreendermos a produção das suas obras sobre a região e, não menos importante, diversos passos do seu atribulado percurso de vida."

Gaspar Martins Pereira in "Alves Redol e o Douro-Correspondência para Francisco Tavares Teles"






"Alves Redol foi ao Douro pela primeira vez em 1943, segundo declara numa entrevista publicada em 29 de Março de 1945 em Vida Mundial Ilustrada. Foi para recolher elementos para "escrever um livro sobre o Trabalho" em Portugal, projecto que se gorou.
(...)
José Arnaldo Monteiro, que vivia na Régua, terá sido um dos seus primeiros amigos na região duriense. Não se sabe como se conheceram. Foi  este amigo que o terá apresentado a Francisco Tavares Teles.
Alves Redol voltou a estadiar no Douro em início de 1945."

António Mota Redol in "Alves Redol e o Douro-Correspondência para Francisco Tavares Teles"





"Herdei do meu pai toda a correspondência ( naquele tempo ainda se escrevia cartas!) que manteve com muitos dos seus amigos mais chegados, entre eles grandes escritores da época, infelizmente quase todos votados ao esquecimento.(...) Em primeiro lugar, o caríssimo Redol.
(....)
De toda essa correspondência, a que manteve com este último - dezenas e dezenas de cartas - foi contudo aquela que mais estimou e mais na curiosidade, interesse e até cobiça (intelectual, diga-se) despertou junto de alguns estudiosos, quer do atrás citado neo-realismo, quer da obra do autor de, para além dos contos, das peças de teatro e dos ensaios e recolhas etnográficos que produziu, dezasseis romances (desde Gaibéus ao Barranco de Cegos, desde a Fanga à Barca dos Sete Lemes). Mas em vão: o "velho" nunca cedeu e apenas mais tarde, já em 1975, me deixou publicar alguns excertos dessas cartas, aliás por ele seleccionados, num pequeno trabalho centrado sobre o Douro, região à qual de resto Redol dedicou quatro dos dezasseis romances: Porto Manso e os três tomos do Ciclo Port-Wine. Mas só após a sua morte, em 1992, - Redol morrera em 1969 -,pude então aceder a todas elas, tendo aliás também eu resistido a diversas solicitações no sentido de serem estudadas, anotadas, prefaciadas e publicadas."

António Tavares-Teles  in "Alves Redol e o Douro-Correspondência para Francisco Tavares Teles"

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