quarta-feira, 21 de maio de 2014

Mais que o azul

Foto: josé alfredo almeida


Na tarde calma, ondula
A invisível ramagem dum poema.
Uma secreta brisa,
Que apenas se advinha,
Percorre o mundo íntimo das coisas
E acorda em sobressalto
As folhas do silêncio.
Falta ainda o poeta...
Mas a evidência
Da sua voz
É como a luz do sol quando amanhece:
De tão branca, parece
Que descora a ilusão da madrugada...
Antes ele não viesse,
E em cada solidão se mantivesse
Esta bruma de música sonhada.

Miguel Torga

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