segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Sorrisos verdes

Foto:josé alfredo almeida


Embora as temperaturas insistem em negá-lo, estamos no Outono. Aqui é o Douro  pedregoso, pardacento, despido das suas garridas vestimentas, abandonado pelas suas gentes. Duas pedras de xisto, sozinhas e tristonhas, brincam à geometria e, sem saberem o que isso vem a ser, criam uma imagem digna de cenário para qualquer pintor interpretável.

Quantos anos lhes deve a terra, a elas e aos seus arames enrodilhados e com a ferrugem à vista, como chagas de mendigos? Cumprem, todos, o seu destino. As videiras são medrosas, precisam de suporte protector, quais crianças agarradas a mãos maternas.

No chão confraternizam feias folhas feitas lixo. Clima de finitude a que uns tímidos sorrisos verdes, resistentes, dão  um ar de esperança em colheitas futuras.



M. Hercília Agarez, 8 de Outubro de 2017

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