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Foto:josé alfredo almeida |
quinta-feira, 31 de março de 2016
quarta-feira, 30 de março de 2016
Benção
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Foto:josé alfredo almeida |
e difunde-te
e se as coisas que já tocaste
te parecem mais ainda
então tu foste mais
Multiplica-te
e aumenta-te
e se as horas forem parecidas
então tu coroaste a tua vida
de um amor que não acabou
que medrou
que te difundiu tanto
que a tua alma
em franca razão
viveu desmedida
Funde-te
e difunde-te
óh benção agradecida!
Dúlia Soares
terça-feira, 29 de março de 2016
Rio de emoções
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Foto: josé alfredo almeida |
Aqui, volto sempre.
Na corrente deste rio que habita em mim.
De oiro e prata.
Que conta histórias de coragem
e de luta pelo pão.
De águas barrentas e rostos de sal,
de silêncios pesados e noites sem fim.
Aqui, onde a Lua se retrata,
na corrente da memória eu volto sempre.
Mesmo que ninguém saiba de mim,
eu volto, para resgatá-lo.
Este rio
habita em mim, corre em mim.
Até ser mar.
Ana de Melo
segunda-feira, 28 de março de 2016
Esperar alguém
Procura-me
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Foto:josé alfredo almeida |
Procura-me,
Na complexa linguagem das andorinhas.
Pocura-me nas suas estações de inverno
E na travessia de desertos e mares
Que percorrem em seu voo.
Procura-me,
No gorducho de seu canto
Na lama das paredes
Nas curvas das telhas
E nos varandas com floridos gerânios.
E encontrar-me-ás na tua retina,
E as flores azuis de maio,
No fruto que se abre na noite,
No rio que está presente no teu peito,
E nas folhas verdes das estirpes
Dos campos de vinhas.
Mas primeiro...
Procura-me
Na linguagem complexa das andorinhas
E em seu voo,
Procura-me no seu voo!
Carmen Muñoz.
domingo, 27 de março de 2016
Asas
Dia Mundial do Teatro
O DIA MUNDIAL DO TEATRO é comemorado em 27 de Março, e uma das mais importantes manifestações por isto é a difusão da Mensagem Internacional, escrita tradicionalmente por uma personalidade de dimensão mundial, convidada pelo Instituto Internacional do Teatro para partilhar as suas reflexões sobre temas de Teatro e a Paz entre os povos.
Esta mensagem é traduzida em mais de vinte línguas e lida perante milhares de espectadores antes do espectáculo da noite nos teatros do mundo inteiro.
E foi esta a mensagem de 2015:"Será que precisamos de teatro?
Esta é a questão que se coloca, por milhares de profissionais de teatro decepcionados e milhões de pessoas que estão cansadas de se perguntarem isso.Por que precisamos dele?
Hoje, quando as cenas teatrais são tão insignificantes, comparadas com a realidade das ruas, praças e cidades, onde as tragédias reais da vida real são vividas a cada dia.
O que é o teatro para nós?
Galerias e salões banhados a ouro, poltronas de veludo, vozes polidas, actores elegantes, ou, algo completamente oposto: uma caixa preta, coberta de lama e sangue, e uma pilha de corpos nus e raivosos no seu interior.
O que o teatro é capaz de nos dizer?Tudo!
O Teatro pode nos dizer tudo: como os deuses habitam no céu, e como prisioneiros definham em esquecidas cavernas subterrâneas; como a paixão pode nos elevar, e como o amor pode arruinar, e como ninguém precisa de outra pessoa do bem neste mundo, e como reina este engano; como as pessoas vivem em apartamentos, enquanto crianças definham em campos de refugiados; como todos eles devem voltar para o deserto, e como todos os dias eles são forçados a se separarem de seus entes queridos.
O teatro pode nos dizer tudo.O teatro sempre foi e sempre será.
Ao longo dos próximos cinquenta ou setenta anos, o teatro será particularmente necessário. Com efeito, se observarmos todas as artes, para o público, é apenas o teatro que vai de boca em boca, de olho no olho, de mão em mão. O teatro não precisa de intermediários para operar entre os seres humanos. É uma parte transparente do universo que não pertence ao norte ou sul, leste ou oeste. Ele é a própria essência da luz que brilha nos quatro cantos do globo e é reconhecido por qualquer pessoa, seja hostil ou amigável.
E precisamos das mais diferentes formas de fazer teatro. No entanto, penso que, entre todas as formas possíveis de teatro, as mais necessárias são as arcaicas. E o teatro ritual não precisa, necessariamente, se opor ao contemporâneo. A cultura secular está cada vez mais enfraquecida e o que é chamado de "informação cultural" tem sido gradualmente afastada e substituída por “entidades” simples, bem como nossa esperança de encontrá-las um dia.
Mas eu posso ver isso claramente agora: o teatro tem suas portas abertas amplamente. Entrada gratuita para todos e todo mundo.
Para o inferno com artigos electrónicos e computadores. Basta ir ao teatro, ocupar fileiras da plateia, dar ouvidos às palavras e ver atentamente as imagens ao vivo. É o teatro na nossa frente, não o desprezemos e não percamos a chance de participar dele - talvez a mais preciosa oportunidade que temos de compartilhar nossas vidas vãs e apressadas.
Precisamos de teatro em todas as suas formas.
Mas, seguramente, há uma que ninguém precisa: Estou falando do teatro dos jogos políticos, teatro de "ratoeiras" políticas, teatro de ideias políticas fúteis. O que nós certamente não precisamos é de um teatro de terror diário, individual ou colectivo. O que não precisamos é de um teatro de cadáveres e sangue nas ruas e praças públicas, na capital ou nas cidades do interior, de um teatro hipócrita de confrontos entre religiões ou entre grupos étnicos."
sábado, 26 de março de 2016
Parar na paisagem
Tudo está por fazer
Há que fazer muitas coisas!
Abrir o sol, abrir os cortinados
que já teremos tempo suficiente
para beber as sombras quando acabe o dia.
Tocar guitarra
e lançar sementes ao vento
e aconchegar num altar secreto
as tristezas novas que nos guarda o dia
Há que fazer muitas coisas:
retomar a canção velha e perdida,
beber as suas águas, caminhar na sua terra
enquanto sabemos que ainda é nosso o dia.
E aprisionar a sombra
(ela sofre pesadelos tremendos)
é nostálgica e cheia de loucuras:
torna-nos trágicos a metade do dia.
Matilde Casazola
sexta-feira, 25 de março de 2016
Em segredo
Amanhece
Luz que nos protege
quinta-feira, 24 de março de 2016
Paisagem muito azul
Palavras com pêlo
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Foto: josé alfredo almeida |
Os gatos são palavras com pêlo. Os gatos, como as palavras, rondam à volta dos humanos sem nunca se deixarem domesticar. É tão difícil meter um gato num cesto quando temos um trem para pegar do que ir à nossa memória caçar a palavra exacta e convencê-la a tomar o seu lugar na página em branco. Palavras e gatos pertencem ambos à raça dos inefáveis.
Erik Orsenna
quarta-feira, 23 de março de 2016
O meu Moledo-100
De repente a certeza
da extrema solidão.
Três amores (são quatro)
a vida e seus compassos
um canário e um cão.
Nada é meu, nunca foi.
O que sempre doeu
ainda dói.
Renata Pallottini
Rimas do silêncio
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Foto:josé alfredo almeida |
Nada há mais eloquente
Que o silêncio das pedras
E o velho ferro da vedação
Que ainda permanece aberta.
As atravessa o sol ardente.
A brisa brinca com elas.
A chuva as escurece
E o tempo amarra com corda
Sua solitária beleza.
E nas entranhas do tempo
Guardam grandes segredos
E tudo o que lá existiu
Está na essência de estes versos.
Silêncio!
Só silêncio...
Carmen Muñoz.
terça-feira, 22 de março de 2016
Paisagem azul
segunda-feira, 21 de março de 2016
Lição de geometria
domingo, 20 de março de 2016
Suave luz
Corpo sem chão
Corpo sem Chão
Autora: Aida Borges
Editora: Chiado Editora (2013)
"No entanto, se o religioso está inscrito no mais genuíno da nossa humanidade, não é um dado novo que seja tantas vezes instrumentalizado com fins perversos. O caso aqui retratado teve, sem dúvida, os seus desacertos, estes bem estampados no decurso da narrativa, e Aida Borges teve o condão de não lançar à maneira de juízo, mas de o tomar no seu realismo, resgatando nele o essencial."
José Manuel Garcia Cordeiro
Bispo de Bragança-Miranda
"Este romance fala de milagres, de crenças e descrenças, de amores e de paixões, de vida e de morte, de amizade e de traição, de encontros e desencontros, de ideias e opiniões, de sonhos e de esperança e em si mesmo encerra vários dramas secundários que servem o drama central, embora alguns destes momentos ditos secundários pareçam, por vezes, quer assumir relevo maior, para depois acabarem por ceder espaço à ideia inicial. Percorre vários tempos e várias gerações e recorda-nos a vida, no seu sentido mais lato, da população de uma aldeia localizada em Trás-os-Montes e que a autora quis manter com o nome próprio e não fictício: Vilarchão, no concelho de Alfândega da Fé.
O enredo assenta a sua estrutura numa história real, que ocorreu naquela localidade e que, tanto seja do nosso conhecimento, excluídas as notícias da época e uma ou outra breve referência posterior, nunca foi trabalhada em qualquer publicação, ou seja no campo da história local, seja no da ficção.
Trata-se de um episódio da década de quarenta do século passado que ficou conhecido por "Santa de Vilarchão" e que aqui é retratado com um grande sentido de responsabilidade e de verdade, sem juízos de valor da narradora, a não ser aqueles que decorrem das opiniões de vários personagens da época que retratam com realismo o que então se disse a favor ou contra, sendo disso testemunhas as inúmeras pessoas ainda vivas que viveram esse tempo e aquelas que, como o autor destas notas, ouviu falar, da boca de um avô que chegou a transportar, num carro de machos, de Vila para Vilarchão, gente vinda de longe para visitar a Santa."
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