quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Ah! Cavador




TERRA

Edicão: Fundacióm Vicente Risco e  CULTURAQUEUNE

Com Fotografia:
António Pinto
Anxo Cabada
Catarina Almeida
Diogo Cardoso
Fernando Ribeiro
Iván Marayo
João Madureira
Maribel Valdivieso Varela
Santi Amil
Xosé Luís Alonso

Com Poesia:
Afredo Ferreiro
Amadeu Baptista
António Fortuna
Berta Davila
Varlos Da Aira
João Madureira
José Braga-Amaral
Ramiro Torres
Virgínia do Carmo
Yolanda Cataño




Esta imagem do Hércules
que empunha de sol a sol os dentes
co que se mastiga o xisto,
com que se faz a cama
em que se gera e pare
o sangue com que no Douro
se rega o futuro:

Moiséis da Silva, Licínio dos Anjos,
Manuel Balela ou Júlio Pardal
-são irmãos de condição
e filhos do mesmo suor;

-houp, trás - houp, trás, - houp, trás

música contínua regada pelo esforço
que cai dos braços em bagadas,
ou escorre dos rostos gretados
pelo pó da terra quente
e tisnados por esse inferno e pelo Inverno;

quanto mais rugas, mais homem,
quanto mais teimoso, mais honrado;

o chapéu, a boina e o boné
são a coroa do rei dos homens durienses,
que transformaram a montanha de pedra
em útero de vinho fino;

-ah, cavador! 
-houp, trás - houp, trás, - houp, trás

todos os dias se ouve
o cantor do xisto a entoar a vida;

só conhece o sossego com a lua alta, 
porque de dia desafio o sol e a chuva,
a ver quem leva melhor;
há séculos que ganha o homem!

-houp, trás - houp, trás, - houp, trás

Ah, cavador!


José Brga-Amaral

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