sábado, 17 de dezembro de 2016

Diogo Cão





                                                                           Deus quer, o homem sonha, a obra nasce  
                                                                                                                           (F. Pessoa)

   
Será que Diogo Cão nasceu mesmo em Vila Real? Os vila-realenses afirmam que sim com uma convicção sem provas. Outros ninhos são apontados como hipóteses, mas nas biografias obscuras do navegador ao serviço de D. João II Vila Real reúne consenso.
    Todos sabem da história os feitos deste herói. O que talvez alguns ignorem é ter sido ele a inaugurar o hábito de colocar padrões em pedra nas terras descobertas, assinalando assim a passagem de portugueses, neste caso a sua, na costa africana.. Assim o cantou Fernando Pessoa na Mensagem, única obra publicada em vida do poeta:


PADRÃO                  13-9-1918


O ESFORÇO é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão assinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível  oceano
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.

E a cruz ao alto diz o que me vai na alma
E  faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna alma
O porto sempre por achar.



Vila Real, 16 de Dezembro de 2016
M. Hercília Agarez

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