Deus quer, o homem sonha, a obra
nasce
(F. Pessoa)
Será que Diogo Cão nasceu mesmo em Vila
Real? Os vila-realenses afirmam que sim com uma convicção sem provas. Outros
ninhos são apontados como hipóteses, mas nas biografias obscuras do navegador
ao serviço de D. João II Vila Real reúne consenso.
Todos sabem da história os feitos deste
herói. O que talvez alguns ignorem é ter sido ele a inaugurar o hábito de
colocar padrões em pedra nas terras descobertas, assinalando assim a passagem
de portugueses, neste caso a sua, na costa africana.. Assim o cantou Fernando
Pessoa na Mensagem, única obra
publicada em vida do poeta:
PADRÃO 13-9-1918
O ESFORÇO é grande
e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão,
navegador, deixei
Este padrão ao pé
do areal moreno
E para diante
naveguei.
A alma é divina e a
obra é imperfeita.
Este padrão
assinala ao vento e aos céus
Que, da obra
ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só
com Deus.
E ao imenso e
possível oceano
Ensinam estas Quinas
que aqui vês,
Que o mar com fim
será grego ou romano:
O mar sem fim é
português.
E a cruz ao alto
diz o que me vai na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de
Deus na eterna alma
O porto sempre por
achar.
Vila Real, 16 de Dezembro de 2016
M. Hercília Agarez
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