sábado, 14 de fevereiro de 2015

Manicómio para corações


Foto: josé alfredo almeida


Até agora eu não me conhecia.
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.

Mas que eu não era eu não o sabia
E, mesmo que o soubesse, não o dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me - pobre louca! -
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre a tua boca!

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!


Florbela Espanca

1 comentário:

  1. Um poema de "desassossegos",
    amorosos..
    De aroma , peculiar , mas com aquela ,
    beleza ,,terna,
    única....
    Gostei!

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