sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Vila Termal



“A Régua, se quiser, poderá vir a ser uma grande vila termal. Para conseguir esse rendoso título, basta-lhe ser vizinha das Caldas do Moledo se não quisermos atentar, por agora, noutras estâncias caudais suas limítrofes. Não se desprezem, que o não merecem, as Águas de Covelinhas, as de Cambres e as do Tedo.
Centro de valioso conjunto hidrológico, a Régua, por favor da natureza, é uma vila termal. É-o de direito. Mas, só o será de facto quando se resolver a estudar e avaliar o muito que tem de seu em águas medicinais. Se apenas se contentar em ser um centro de vinhos, será perdulária de bens que poderão sobredoirar ou equilibrar a costumada receita – às vezes tão precária, tão triste, que merece o nome de angústia.
A Régua não pode alhear-se da boa ou má fortuna das Caldas do Moledo. Se é humana, deve orgulhar-se de as possuir e doer-se do seu abandono para lhe dar remédio. […]
A Régua, se quiser, virá a ser uma grande vila termal. Para conseguir esse rendoso título, deverá despedir-se para todo o sempre, da sua rica inércia.”
João de Araújo Correia in "Pátria Pequena"

      PS- A Régua deixou de ser vila, mas continua mergulhada na mesma inércia, pois as termas do Moledo lá continuam incompreensivelmente encerradas. O que nos tolda a visão?

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