quinta-feira, 2 de julho de 2020

Perder o valor





Há coisas que nunca tivemos em crianças e perdem o valor para sempre. Aquele sempre dos primeiros dez anos, onde o tempo, as pessoas, as coisas parecem enormes e indestrutíveis.

Disfarçar-se de relâmpago ou de outras coisas impossíveis, comer todos os chocolates, ter uma bicicleta igual à do estúpido do vizinho, fazer as coisas que os adultos escondem atrás da porta dos quartos, retribuir a bofetada aos nossos legítimos superiores, querer morder com justa causa tanta gente no mundo e só poder no escuro morder uma almofada. 



Inês Lourenço

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